quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Para sempre conectada


Hoje é assim - seu filho piscou, você tweeta, coloca a foto no Facebook e faz um texto filosófico no seu blog. As crianças do novo milênio verão todos os seus passos, desde quando eram bebês babões, tudo registrado na Internet. Elas sempre saberão quem já foram um dia, quando o mundo ainda nem era o seu mundo.

Na minha época... bem, não há tanto tempo atrás, pra falar a verdade, as coisas não eram exatamente assim, mas ainda...

Eu criei meu blog com 11 anos, pelo que lembro. SuperKarly parecia muito legal naquela época, uma mistura de Mary Poppins com Nickelodeon e... eu mesma, Karla.

Eu escrevia o que queria, reflexões de uma garota que acabou de sair das fraldas, algumas tentando ser profundas, outras absolutamente idiotas, mas ainda, meu pensamentos.

Tudo registrado neste mesmo domínio, neste mesmo site. Mas a menininha cresceu. E o seu blog também. Pessoas do mundo todo passaram a visitá-lo, e enquanto zapeavam pelo site... adivinhem só. Encontraram as minhas relíquias. As relíquias da menina de 11 anos.

Mas ninguém iria lembrar que a menina tinha 11 anos. Afinal, só estava a algumas páginas de distância. "Nossa, como a garota é bobinha". Eu queria rir disso. Não consigo. Afinal, sou eu em jogo - a minha reputação como... sei lá. Escritora.

Já escrevi coisas neste blog de que me arrependo, sim, admito isso com toda a sinceridade. Mas apagar? Não, não conseguiria jamais.

Seria como deletar - literalmente - uma parte de mim. E ultimamente já andam faltando muitas partes para eu me dar o luxo de perder mais outras. Vamos juntando os caquinhos, tijolo por tijolo... até nascer de novo. Como uma fênix, sabe.

Portanto, nos próximos dias, darei umas revisadas nos textos antigos. Sabe, pra matar a saudade. Não apagarei nada, mas se encontrar algo que quiser acrescentar, então acrescentarei. Ao lado de um "ATUALIZADO EM DD/MM/AA". Eu acho isso parecido com paradoxos do tempo - e paradoxos do tempo são legais.

Você também é legal, sabe.
Você que me acompanhou desde o começo até aqui, você que chegou agora porque estava procurando uma foto do Voldemort com nariz.

Sim, você mesmo, estou falando com você.
Obrigada por tudo.

E Feliz Dia das Crianças atrasado.

Afetuosamente,
da menina de 11 anos.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Recado para Manaus


Manaus, decida-se. Ainda estamos em Outubro, e você está agindo como Dezembro. Se for assim, pelo menos faça isso direito - quero férias. Porque assim não dá.

De manhã, você quer nos matar com seu Sol infernal, brilhando lá em cima glorioso, se achando o rei do pedaço. Mas aí você decide que isso é muito Agosto e resolve, sem qualquer tipo de aviso prévio, mandar um TEMPORAL COM VENTOS ASSUSTADORES, assim, só porque deu vontade. Só porque deu na telha.

E se deu na telha, deu na telha, LITERALMENTE, porque as telhas das casas começam a voar em uma tentativa fracassada de imitar o início do Mágico de Oz, mas sinto que isso só precisa de um pouco mais de prática para se tornar realidade.

Lá estava eu, no Centro da cidade, quando a chuva do Apocalipse chegou. Sentia que a qualquer momento poderia ver a Arca de Noé surgindo lá no porto, seguindo bruscamente pelo rio em uma onda gigantesca. Eu vi mangueiras voando, cadeiras voando, mesas de plástico voando, galhos voando e, PRINCIPALMENTE, barras de ferro caindo do alto em direção à rua.

Foi o caos - e sei que você não se arrependeu nadinha, ó querida cidade. Meu pobre irmão manobrista estava lá, tentando estabilizar o carro, tentando acelerar e frear ao mesmo tempo, tentando - basicamente - sobreviver. E eu?

Eu só queria ter uma câmera para ter filmado tudo isso. Seria ótimo para o vlog.

Deixamos meu pai em algum canto da tempestade, não o vi depois disso. No momento que ele saiu do carro, a água entrou e - olha que belezura - lavou absolutamente tudinho por dentro. Em 2 segundos.

Mas então ele vem e liga para o Carlinhos, e eu penso que ele estava sendo arrastado pela correnteza para as profundezas da cidade. Ainda bem, não. Mas ele tinha notícias ainda melhores.

Era granizo.
Granizo.
Pedras de granizo caindo.
Em manaus.
Em manaus.
EM MANAUS.

Eu sei. É difícil acreditar. Mas aconteceu. E eu estava lá para provar. Oh, Manaus, você é uma caixinha de surpresas...

Mas, da próxima vez, agradeceria se você desse um toque antes. Assim... só pra gente se preparar.

Tudo bem?

Afetuosamente,
sua habitante.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Está chegando


Eu quero o Natal. Eu quero o cheiro de chuva, os sinos pela casa, a árvore arrumada, o Chocottone da Bauducco. Eu quero férias de dois meses, eu quero viajar.

Realmente quero. Desejo, almejo, aspiro.  Como novo objetivo de vida.

Usar vermelho e verde. Juntos. Ouvir as músicas natalinas e assistir aos especiais chatos da TV. Ver a propaganda dos ursos da Coca-Cola. Filmes antigos do Papai Noel. Acreditar no Papai Noel. 

Acreditar.

Mais uma vez, só mais uma vez. Só mais neste Natal.

É um cheiro diferente, algo novo no ar. Algo tão velho e tão novo - que só aparece no Natal. Pessoas felizes, decoração caprichada. Vale a pena. Realmente vale a pena.

Deixe-se sorrir, pois está chegando. Vindo cada vez mais rápido, na locomotiva de final de ano. Está acabando.

Sorria. Sorria mais uma vez.
Só mais neste Natal.
Deixe acontecer.
Ouça.

São os guizos.