terça-feira, 24 de julho de 2012

A quem culpar?


Semana retrasada, tive a sensação irritante de que todo o mundo já estava de férias - menos o meu colégio. Ficava cada vez mais óbvio, mais aparente, só que então, semana passada, cheguei a uma conclusão.

Eu estava absolutamente certa. Julho. Época em que todos os países do mundo - inclusive o Brasil - ficam de férias, não importa a duração - todo mundo está de férias. Menos algumas escolas na China, possivelmente, e é claro, o meu colégio.

Tudo isso tem uma explicação muito simples. Só existe uma pessoa a quem devemos culpar, somente uma, tal pessoa é a real razão do sofrimento dos alunos do colégio Adalberto Valle em Manaus, e esta pessoa é a Rainha da Inglaterra.

Ou talvez - talvez - a diretora do meu colégio, que é uma pessoa muito gente fina que deve gostar bastante de esportes, tanto a ponto de adiar as férias do meio do ano para bater com o período das Olimpíadas em Londres. "Assim todo mundo vai conseguir assistir melhor". Mas, como eu disse - talvez. Culpar a Rainha ainda é muito mais divertido.

O argumento todo, aliás, é cheio de falhas e inconsistências. "Assistir melhor"? Sendo que a coisa toda vai passar... na Record? Isso por si só é uma contradição - e das paradoxais. "Assistir melhor", quando posso contar nos dedos quantas pessoas sei que estão indo para Londres vibrar com o sentimento de união mundial olímpico. Sei. Assistir melhor. ~faz aspas com os dedos~

Mas deixemos os ressentimentos de lado. Meus amigos, estamos de férias. Tardias, mas hey, ainda assim, férias. E melhor - agora podemos apontar e rir na cara de todo mundo que já voltou a trabalhar, e dizer "Nana nana, olha só pra vocês...".

Espera, essa é mesmo a parte boa...? Porque isso significa que só podemos sair... entre nós. Oh, céus. E eu já vejo vocês o ano todo, doze horas por dia, muitas vezes seis vezes por semana, por onze meses.

De qualquer forma, caros colegas, está na hora de colocar em prática todos aqueles planos que você anda arquitetando e aperfeiçoando desde maio, aquela lista de coisas "para fazer", aqueles livros que você queria ler desde sempre, coisas pra estudar, filmes pra ver, tal e coisa, coisa e tal.

Esqueça a parte em que você nunca consegue fazer um terço dessas coisas, o que vale é a intenção e o entusiasmo inicial.

Eu, por exemplo, tenho muitos planos para as férias e para o próximo semestre, entre eles inclusos aula de francês, teatro e dança de salão. São todas coisas que eu quero fazer, devia fazer, mas tenho plena consciência de que só vou conseguir arranjar e manter uma delas até o final do ano. Depois eu tô de boa.

De boa, porque até chegar até lá ainda tenho que passar por muito estresse e pré-vestibulares e gente estressada e pré-vestibulares deixando gente estressada.

Mas eu só estou pensando na parte do "de boa". Porque se tudo der certo, até lá eu também me arranjo e finalmente sambo na cara das pessoas estressadas que fazem de tudo pra me estressar também. Socorro, eu não quero me estressar, eu só quero comer biscoito.

Infelizmente, o biscoito já tem outros planos.
Enquanto isso, eu finjo que aproveito e faço algo útil nas minhas férias, enquanto vocês aproveitam e fingem fazer algo útil pelo resto de ano - e depois a gente tá de boa. 

Taí um plano genial, todos de acordo?

OBS.: Não se esqueçam de assistir as Olimpíadas, por favor assistam as Olimpíadas, já que foi por causa delas que eu só tive as férias do meio do ano... no mês 8, então só parece justo que TODO MUNDO deva ser obrigado a assistir também.  Então aproveitem os jogos. Ou finjam, tanto faz.

Depois a gente tá de boa mesmo.

sábado, 7 de julho de 2012

O trauma da Biologia


Você sabe por que a tolera, sabe muito bem. A escolha faz parte de um processo natural – e muitas vezes inconsciente – que todos nós em algum momento da nossa vida escolar temos que fazer. Processo este também conhecido como “Bom... isso ainda dá pra entender, vejam só, podia ser pior, podia ser física” ou “O Novo Jogo do Contente de Pollyana”.

É mais ou menos assim que funciona seu estudo de Biologia ao decorrer dos anos, o desenrolar de sua forçada ilusão ao acreditar que eventualmente tudo ficará bem... até você perceber que não, não vai. 

Tudo organizado sistematicamente – e não me diga que não foi assim. Se não foi mesmo, bem... é assim pra mim, e pronto.

Fase 1: “Puxa, puxa, que legal, que legal aprender sobre os animaizinhos e onde eles vivem, que matéria legal, a tia é tão legal, só tiro 10 e a vida é boa...”.

Fase 2: “Espera, algo está acontecendo, entramos no corpo humano, nossa, nossa, quantas circulações, quantas células, mas acho que ainda dá pra aprender legal, esse professor novo explica bem, mas acho que ainda prefiro a tia, será que ainda tiro 10, oh, só o tempo dirá...”.

Fase 3: “Okay, realmente tem algo muito errado por aqui, eu já não consigo enxergar o que estudo, meu Deus, parece química, e como assim uma mitocôndria...”.

Fase 4: Parem o mundo que eu quero descer.

Fase 5: É sério.

Fase 6: "O mundo gira ao meu redor, acho que vou desmaiar, e como assim, como assim essa nota, preciso estudar, preciso estudar mais, OH, o desmaio é causado pela falta de açúcar na corrente sanguínea entre outras coisas, é tudo culpa da mitocôndria, oh, mitocôndria, POR QUÊ, mitocôndria, por quê... vejo uma luz...”

Fase 7:

Fase 8: "Certo, pessoal, todo mundo se organizando em times pra educação física, vocês da esquerda são o time da Plastocianina, a gente aqui é a Ferredoxina, juntos nós vamos produzir ATP pra fotossíntese, fiquem mesmo aí debaixo do Sol porque só assim acontece a etapa clara, nada de moleza porque cloroplasto não tira dia de folga, não, então vamo nessa, cambada... EI VOCÊ DO CANTO, SERÁ QUE DÁ PRA COLABORAR? MEU DEUS, PARECE ATÉ DNA LIXO – SÓ VALOR ESTRUTURAL, CARAMBA!”.

Fase 9: ~Aula de Química~

"Que ácidos vocês conhecem, primeirão?”
“ácido pirúvico ácido oxalacético ácido cítrico ácido carbônico ácido lático"
“Tá bom, tá bom!”

Fase 10: Espera... pra quê isso, meu Deus.

***

Biologia é uma coisa muito engraçada. Você acaba não a odiando tanto quanto Física e Química porque você sempre tem esperanças de que uma hora você vai entender, vai encaixar, vai fazer plim na sua cabeça... e você espera o plim e o plim nunca chega.


Porque, no final das contas, as matérias do Ensino Médio são um terror mesmo. Não tem para onde fugir. É claro que se você gosta de cálculo, provavelmente está discordando de tudo até agora, balançando a cabeça freneticamente, mas... se você realmente gosta de cálculo, então não tem muitos motivos para estar por aqui, de qualquer forma. Então suma.

Digo isso tudo porque estou frustrada com a Biologia (assim como Física e Química, mas até aí nada de novo) e a minha aparente incapacidade de escolher a alternativa correta entre duas possíveis respostas. Ô sina.

Não importa a pergunta, eu sempre marcarei a errada, e sinto que você se sente assim também. Já tentei enganar Murphy escolhendo justamente a contrária a qual eu achava que ele achava que Deus achava que eu iria escolher, depois mudando de ideia e voltando para a antiga com mais certeza que antes, aí dando a louca e marcando a letra C, não importa o que esteja escrito, aí passando corretivo e voltando para o início do ciclo.

Certo, nunca fiz tudo isso, mas deu pra entender. Fico frustrada porque por um deslize sua nota cai, e muito, mesmo quando você literalmente dá seu sangue para aprender tudo aquilo ali, mesmo sabendo que para a sua vida, saber a importância de Joblot para a derrubada da teoria da abiogênese não vai valer de nada mesmo.

E o pior é que a gente estuda demais. Eu e a minha sala, nós estudamos demais. Somos excluídos e estranhos e deslocados do colégio e só a gente se entende. Só a gente pra fazer piada de NAD e ATP. Pra fazer a Oração da Fotossíntese.

Aliás, eu juro que se um dia eu precisar de qualquer uma dessas coisas non-sense que estou estudando agora, vou ter um ataque de risos tão bonito que é capaz até de eu morrer. De riso. Acompanhada pelo resto da galera.

Porque, no final das contas, é tudo muito inútil mesmo.
Assim como esse post.
Mas eu sei que você leu até o final.

Porque você sabe que, no fundo, foi melhor do que ter que ler aquele capítulo 12 do livro sobre o tecido conjuntivo.
Então é bom me agradecer.

E me dar um calmante.
E um cobertor.
E um chocolatinho.
Bem quente.
Preciso.