quarta-feira, 30 de março de 2011

Universal & Animal

Este post pertence ao especial: DIÁRIO DE UMA VIAGEM PARA FLÓRIDA - THE SUNSHINE STATE. Parte 7.

Sem querer desmerecer nada em Orlando... mas nem todos os parques são assim, fantásticos o tempo todo. Outros são razoáveis, pra aqueles dias em que você não quer pegar muita fila, ou já tá cansado de ver tanto brasileiro...

Com vocês, Universal Park e Animal Kingdom.

Universal Park
Parece que a Universal errou na hora de dividir os parques... O parque secundário, Islands of Adventure, tem muito mais "adventure" que o prório Universal.

Mas, vamos as atrações.
Eu não lembro muito desse dia, só para constar...
Lembro que meu pai ganhou um pinguim azul pra mim em uma barraquinha, lembro que o Carlinhos foi ao banheiro aproximadamente 3492747419 vezes e lembro que o Burro falou pra mim que gostava de queijo, é.

***

Logo na entrada, gritos.
Que ser isso, Merlin?

Dia da Tortura Coletiva no parque? Robert Pattinson chegando na cidade? Guerra?

Não.
É a Hollywood Rip Ride Rockit, uma montanha-russa que tem assentos com alto falantes individuais que permitem que você escute a música que escolher, dos gêneros Clássico Rock/ Metal, Rap/Hip-Hop, Club/Electronica, Pop/Disco ou Country, para ouvir durante o "passeio". O melhor: não dá pra ouvir a barulheira dos assentos do lado.

O percurso inteiro demora incríveis... dois minutos e meio. Mas é emoção pra uma vida toda. Segundo a atração, "inclui três mnobras que jamais foram feitas antes, um 'loop' em que o visitante NÃO ficade cabeça para baixo, curvas espiraladas". É claro que eu não fui.

Mas fiquei olhando, masoquista, o povo subindo, descendo e gritando lá em cima. Foi tão divertido.

É claro que nada é tão divertido quanto Shrek... e imagina então em uma completamente nova aventura em 4-D?

O mais legal é o pré-show, que demora 6 minutos, e o espelho falando que "não pode tirar foto com flash dentro da sala senão você é torturado, não pode comer dentro da sala senão te mandam pro calabouço". XD

Falando em tipos de tortura, provavelmente você conhece o filme Jaws (Tubarão). Eu conhecia muito bem em 2006 quando fui nesse brinquedo pela primeira vez, aos 10 anos.

Cara, foi desesperador.
Na fila, Carlinhos ficava dizendo que o barco virava ao contrário e o tubarão passava pela gente... Tinha que ver o único ser morrendo de chorar e gritar na fila. Eu odeio tubarões, baleias, tudo que esteja dentro do mar... e que esteja perto, pronto pra me atacar.

O passeio começa feliz, a gente fica "lalalalala", e o guia fica falando um bando de bobagem que eu não entendia na época, mas todos sabiam o que nos aguardava. Ele comenta sobre tubarões naquela área, mas aí volta pro "lalalalala" e todo mundo fica feliz de novo.

Até que a música começa mudar...
"Lalalalala tam lala TAM TAM lalala TAM TAM TAM TAM TAM TAM TAM...". Oh yeah, você conhece esse TAM TAM.

E eis que surge o criaturo. O tubarão. Do lado do barco. De boca aberta. É muito real. Eu desatei a berrar de novo "SOCOOOOOOOOOORRO, NÓS VAMOS MORRER". Mas é claro que ninguém entendeu, e devem ter preferido achar que eu era autista.

Enfim, o bicho some, o cara pega uma espingarda e começa a apontar para todos os lados ao mesmo tempo. E O BICHO SURGE E TE ASSUSTA DE NOVO, DESSA VEZ DENTRO DE UM GALPÃO ESCURO, E FAZ O BARQUINHO BALANÇAR.

"MAAAAAAAAMÃÃEEEEEE!!!!!!!!!!!!!!".
Dessa vez, meu pai deu um soco nele, e ele desceu. Espero que não tenha sido por isso que o brinquedo estava fechado quando a gente foi lá nesse ano. XD

Terminando a história... Vimos um barco idêntico ao nosso naufragado, com manchas de sangue na água, e sabíamos que o MORTAL COMBATE estava próximo. O bicho surge, o cara dá uns cinco tiros nele, a música volta a ser "lalalala", e todos saímos felizes de novo. Menos eu. Eu me traumatizei.

Mas eu realmente não sei mais o que falar do Universal, então...

Animal Kingdom
O parque da Disney destinado aos animais selvagens. Podem imaginar como Carlinhos estava se sentindo, certo?
Mas cá pra nós, eu acho que ele até gostou no final. Os safáris são muito legais, principalmente os com animais de verdade [?], e é bem imprevisível, pois nenhum passeio é igual.

Em um desses safáris, encontramos o grupo de excursão amarelinho da Tia Fulana. É incrível como todos eles tem nomes idiotas, geralmente começados com "tia" e o nome da dita cuja, que também é idiota. Eu não estou lembrando nenhum deles agora, mas acredite, você nunca gostaria viajar de "tia" e ter que usar uma roupa de canário o dia inteiro e uma pochete.

Vale a pena assistir... o show baseado no filme do Rei Leão. É lindo, cheio de animatrônicos, músicas do filme, acrobatas... e você ainda pode ser do grupo da girafa, do leão, do elefante ou do javali, dependendo de onde sentar. Lá você descobre que a girafa faz um barulho parecido com a de um cabritinho. XD

Bééé.

EU ESTOU LÁ ATRÁS, TÁ VENDO, TÁ VENDO?
Mas o Animal Kingdom foi importante pra mim, pois foi nele que eu andei pela primeira vez em uma MONTANHA-RUSSA DE VERDADE... O Everest.

Você e povo vão num trenzinho em alta velocidade, em curvas "radicais" até chegar uma hora EM QUE O TRILHO ACABA, E O TREM SAI VOLTANDO DESGOVERNADO PELA COMPLETA ESCURIDÃO, ONDE PRATICAMENTE TUDO ACONTECE... Parece que você está sendo engolido pelo próprio umbigo.

Pra variar, vem um monstro - o Yeti -, ele te assusta, aí você despenca lá de cima. LEGAL, NÉ?

Meu estômago não achou, mas isso a gente abafa.
Foi legal a experiência.

Não tenho mais muito para contar hoje, então me despeço com um beijo e um queijo do Burro, que fala... duas frases em português, olha que legal. Abafa também que uma delas é só "Olá".

Aliás, está ficando muito abafado aqui.


Preciso de um ventilador. E de juízo também.

Mais fotos...


Outro gorila... Eles me perseguem.


Nem comente.


segunda-feira, 28 de março de 2011

Comunicado sério e importante

Venho hoje por meio desta expressar todo o sentimento acumulado dentro do meu mais amargo e profundo ser.

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Grata.

domingo, 27 de março de 2011

Meu amigo felpudo

"Ele não é meu namorado, mas é ele quem me atura todas as noites, ele quem me escuta e guarda meus segredos. Obrigada, travesseiro."



E só para lembrar:


Podem comentar em qualquer post que você gostou que eu fico feliz, não precisa ser só no último não.

Frustração

Já tentei fazer poemas, crônicas... já tentei um milhão de metáforas. Mas nada parece extravasar o que eu estou sentindo nesse momento.

O jeito vai ser algo simples, pobre, nada bonito... um desabafo. Sim, apenas um desabafo. Sem mais floreios.

Se você não gosta de gente divagando ou reclamando, desça para o próximo post... ou simplesmente saia do blog, porque, afinal, este é o .:Divagações & Reclamações:..

***

Eu vivo repetindo esse ano: "2011, pare de tentar ser 2012!".
Porque o danadinho tá que tá.

2010 era egoísta, só queria me ferrar.
Mas 2011, a coisa é coletiva.

Eu não consigo mais me concentrar, qualquer coisa me deixa irritada, vivo agoniada, com a sensação de que sempre está faltando alguma coisa... até sonhei esta noite que o professor de Matemática estava dirigindo um carro e nos jogou em um penhasco de propósito, mas só pra mostrar que do ângulo que a gente tava caindo, íamos aterrisar macio no chão.

E eu não estou brincando.
Acordei assustada, e decidi nunca mais subir uma serra de carro.
De avião pode.

Mas então, dormi e sonhei que estava em um voo com a minha família de São Paulo para Porto Alegre, mas o voo tinha sido sequestrado por um maníaco que fez buracos no chão do avião, que iam engolindo as pessoas e jogando elas pra fora.

O jeito era se segurar naqueles compartimentos para malas, só que depois de algumas horas suas mãos ficavam cansadas, e você soltava. Eu vi montes de pessoas - incluindo algumas que eu conheço - serem arrastadas para a morte.

Acordei novamente, decidindo que não era um bom dia para sair de casa... ou da cama.

Pesadelos macabros como esses são comuns no meu sono todos os dias, e por causa deles, nunca tenho uma boa noite de sono... e por isso, durmo demais quando posso.

De noite sou aterrorizada, de dia vivo sob tensão, de tarde estou estressada e preocupada com tarefas gigantescas, trabalhos complicados, provas complexas...

E como se não bastasse, outros problemas pessoais já estão ocupando muito espaço na minha cabeça. Problemas que não fui eu que criei, mas que preciso lidar.

E os causadores acham que ainda estão no direito de achar que está tudo bem. Não, não está.

Eu estou a beira de um colapso, você não vê?

Não consigo mais falar com ninguém, me jogo no chão, arremesso o corpo contra a parede... Tudo sem motivo. Sinto que os dias de qualidade estão voando, e que há uma contagem regressiva ecoando pelos ares, para o dia em que a minha vida vai desmoronar de novo - sim, de novo.

As aulas não passam, os dias não passam... mas o sábado vai embora em um piscar de olhos.

Quando é quinta, já penso: "Droga, o final de semana já está acabando de novo".

E você pode achar que eu sou esse ser engraçado, de piadas infames, e que sempre está de bem com a vida, e pode pensar até que este post está em um blog errrado, mas sinto em lhe informar que esta sou eu de verdade.

Tenho humor, sim, tenho humor sarcástico, irônico, maldoso. Este está sempre presente. A bobeira é para dias muito bem selecionados.

Mas fico satisfeita em saber que isso não é só comigo. Sou egoísta o bastante para pensar assim. Muita gente está pensando do mesmo jeito, e nessa hora, o melhor mesmo é se reunir, e todo mundo se ferrar junto.

Se eu conseguisse ficar tão perto de alguém para isso, seria ótimo.

Mas é por isso que eu tenho esse blog.
E cada acesso a mais por dia é menos interação que eu terei com qualquer pessoa.

Quando chegar aos 20.000 acessos, considere-me uma pessoa sem vida social. Mas feliz. Eu gosto daqui. Sinto-me ouvida, importante. Alguém que as pessoas se importam com a opinião.

Agora, já posso voltar para os Diários de Viagem, poemas toscos, bebês sorridentes e tiras engraçadas de sempre... Pois é assim que eu deixo a vida me levar. Literalmente.

Vida, leva eu.

sábado, 26 de março de 2011

A onda

Nós estávamos em Fernando de Noronha.
Tínhamos acabado de chegar, e resolvemos visitar a Praia do Cachorro.

Era final da tarde, e as ondas estavam bastante agitadas.
Eu, no auge dos meus 9 anos, estava me achando o máximo pegando jacaré.

Esperava a onda chegar, me jogava, e corria pro abraço.

Mas então, todos haviam sumido.
Cadê o pessoal?
Vi meu pai e irmão nadando rapidamente para um canto escondido, e eu achei que algo muito divertido estava acontecendo por lá. Nadei feliz pra lá também.

Ouvi gritos do meu irmão, que estava com as mãos abanando.
"Oba, ele deve estar me chamando...".

Quando eu percebi.
A onda.
A maior onda que eu já tinha visto.
Na minha frente.
Não dava pra fugir.

Percebi que os gritos eram para eu me afastar para a praia, e as mãos eram... bem, pra enfatizar isso.

Tarde demais.
A onda me engoliu, e eu fui rebolando nela - de cabeça pra paixo, virada do avesso - até chegar na parte mais rasa, onde me ralei toda na areia. Areia dói, sabia?

Levantei com a maior dignidade que consegui juntar, completamente bêbada, e caí novamente na água.

Quando levantei de verdade, uma parte de mim gostou tanto da experiência que resolveu ficar pela água - a parte de baixo do meu biquíni apareceu boiando contente...

Senti muita vergonha - afinal uma menina de 9 anos tem muito para mostrar.

Procurei pessoas pela praia. Achei dois americanos. Eles estavam conversando, alheios à situação.

Parece que eu não chamei tanto a atenção assim. Deve ser porque eu estava na sombra, é.


Quem nunca saiu correndo de uma onda não sabe o que é ser perseguido.

Poema ao fogo


Eu lembro do tempo em que brincava com o fogo
Travessa, marota
Sem nunca me queimar.

Tive sempre muita sorte
Pois o fogo era meu amigo
Não representava perigo
Não queria me machucar.

Mas veio você com a sua tocha
Incediando a minha cabana
E eu tentei
Mas não consegui evitar.

O fogo agiu contra a sua vontade
Quem era ele em comparação?
Simples objeto da natureza
Em comparação à sua maldade, homem.
Maldade inconsciente.

Sei que não fizeste de propósito a princípio
Pensava que o lugar era oco, deserto
Que ninguém vivia por perto
Mas estava errado.
Minha alma jazia ali.

Eu gritei, você ouviu
Mas resolveu ignorar.
Culpou um bicho da floresta
Por somente se assustar.

E o meu grito
Só aumentou a confusão
Colocou mais lenha na fogueira.
Ardeu odiosamente meu coração.

Fogo de raiva.

E eu queimei nas suas chamas.
Somente cinzas - as minhas cinzas - sobraram
E os ventos então levaram.

Ninguém escuta, ninguém comenta, ninguém vê.
É assim a lei da floresta.
O fogo - quem diria? - causou a minha miséria
Mas o culpado é você.



sexta-feira, 25 de março de 2011

Você é o que é


Igor, eu e Carlinhos
Família.

Você sabia que não existem primos de segundo grau, os cônjuges dos seus tios não são seus tios também, e que todos os primos que nós temos de verdade são de quarto grau, e não primeiro?

Pois é.
Agora fala isso pra aquela palavrinha acima.

Sabe, durante o ano, você é feliz, vivendo com as pessoas que te fazem bem (ou não, né?), porque elas sempre estão por perto. Seu pai, mãe, irmão, primos legais, tios divertidos... esses sempre estão perto.

Mas tem aqueles... aqueles que só aparecem em, como eu posso dizer.. AH, ocasiões especiais.

Quem não odeia o Natal quando tem aquele povo todo reunido, bebendo, falando besteira, fofocando, desmaiando com a bebida, dizendo o quanto você cresceu, que já tá mocinha, perguntando se você já tem namorado, e quando você diz não, eles fazem a cara "É claro que eu acredito"?

Convenhamos.
Sua família não sabe nada sobre você.
E nem nunca vai saber.

Agora, é necessário passar por esses constrangimentos uma vez por ano?
Eu queria dizer que sim, que nos faz mais tolarantes e fortes, mas eu simplesmente não consigo.

Não consigo ver a parte positiva de ser jogada em uma arena, impotente, e esperar ser julgada por quem quiser e vier.

Eu só consigo ser eu mesma com quem eu já conheço há pelo menos 5 anos.
Se for menos que isso, meu caro, pode acreditar... você está falando com uma personagem.

Quando conheço uma pessoa e começamos a conversar, escolho o que eu vou ser hoje. Já sei, vou ser engraçadinha. E tudo ótimo, a pessoa pensa que eu sou idiota, aí eu invento alguma coisa e não volto nunca mais.

Ou então, eu nunca sei o que falar, pois não tenho assunto, e vivo concordando... aí a pessoa pensa que eu sou puxa-saco. Eu só não sei o que falar com você.

Ou finalmente, eu sou extremamente séria... e a pessoa pensa que eu sou uma chata sem vida social.

Resumindo, eu nunca causo uma boa impressão.

E o que isso tem a ver com a família? - você pergunta.
Tudo, meu amigo.

Eu já cansei de viver em função dela, e não pretendo estragar a vida de ninguém impondo uma a qualquer pessoa. Eu amo tanto os meus filhos que não pretendo colocá-los nesse mundo.

E, em um casamento, é inevitável que merdas assim aconteçam.

Tem aquela sua tia - ou seja, prima da irmã do seu tio-avô - que surge do nada e começa a falar animadamente com a sua mãe.

Minha mãe, como um ser meigo e educado, apresenta os filhos:

-Esta é a Ana Karla e o Carlinhos, lembra deles?

A velha nos encara, e eu me levanto para cumprimentá-la. Carlinhos some.

-Como vai? - e coloco em prática aquele beijo falso que eu treino pra não passar vergonha nessas horas.

E, sem mais nem menos, a velha fala para a minha mãe, como se eu não estivesse lá:

-Esta aqui não tem nada dos Vasconcelos. Nada, nada. - e enfatiza com as mãos. - Não tem o nariz dos Vasconcelos, nem o jeito dos Vasconcelos - e aponta para o meu nariz, demonstrando a protuberância na base.

-Não, não tenho. - respondo do jeito mais desafiador possível.

-Ela puxou para o pai - minha mãe disse - Os Kizem.

A mulher soltou um "ah".

-O outro também não tem nada dos Vasconcelos. Por que você não tenta de novo, Ana? - e ri daquele jeito de velho e perturbado.

Eu estava quase dando um soco na senhora nessa hora.

-A minha fábrica já fechou, eu nem posso mais.

-Que pena...

Nathália aparece para me chamar, e a velha:

-Ah, essa sim é uma Vasconcelos. Qual o nome dela?

-É a Nathália, filha da minha irmã, Consolata.

Nathália sorri meio afetada, e sussurra pra mim: "Quem é?".
"Nem queira saber, e para o seu bem, vá logo embora".
E ela foi.

A mulher fez outros comentários irritantes sobre o meu nariz, e eu finalmente fui embora.
Se ela percebeu que eu estava com muita raiva, deve ter adorado.
Sabe como esses velhos são.

Meu nome é Ana Karla Vasconcelos Kizem Rodrigues.

Ana Karla, Ana, ou simplesmente Karla, é como as pessoas me chamam.
Vasconcelos é o sobrenome português da família da minha mãe, que se orgulham em ter um brasão e grande história na família, como já disseram.
Kizem é o sobrenome da família do meu pai que veio da Síria, Líbano, e que tem uma história muito legal, mas nem é um sobrenome de verdade. Somos os únicos Kizem do mundo. Se isso não é especial, eu não sei o que é.
Rodrigues é o sobrenome português da família do meu pai, pois meu avô era também português.

Esses nomes me pertencem, e embora deteste 2/3 das duas famílias, fazem parte do lugar que eu vim.
Mas tem certas horas que você precisa ignorar de onde você veio, e se importar apenas para onde você vai, e quem você é.

Eu sou Karla Kizem, a blogueira que vos fala, e não a Ana Karla idiota que "não é Vasconcelos".

Mas quem é essa Karla Kizem, afinal?
Ah, meu amigo.

É uma menina que nunca soube direito o que fazer, mas que sempre se deu bem no final.


Que sempre teve alguém para contar...


...mesmo que fosse alguém muito pequeno.


Descendente de libaneses (vovó) e portugueses (vovô).

É um ser realmente muito estranho...


...que não gosta de ser apertado...


...que passa mal em igrejas desde, bom, sempre...


...e que sempre parece alheia à situação, mas na verdade, é uma raposa muito esperta.

Tão esperta que um dia já perguntou: "'É pra eu dormir nesta caixa?".


Sempre teve um penteado arrojado, e de vez em quando, até parece um menino...

Mas é impossível dizer que um ser tão intrigante como esse não seja absolutamente fofo.

Perdeu boa parte de sua meiguice anos atrás, e geralmente está frustrada com alguma coisa...

...mas pode te aconselhar como ninguém.



Já tentou ser princesa...



... e, no fundo, sabe que é...


... mas o nome Karla significa "fazendeira", "viril", e é exatamente assim que ela é.



Não espera o príncipe encantado...


... mas, mesmo assim, acredita que ainda exista mágica nesse mundo.

Não me leve a mal, tia...



... mas a Vasconcelos aqui não liga pra você.

Porque ela não queria mudar

Eu vou contar a história da garota
Que nunca ousou mudar.
Pode ser até ridículo,
Mas vou começar a rimar.

Era uma vez uma menina,
Pequena, mas desiludida
Que conhecia muito da vida
Mas não se atrevia a avançar.

Andava sempre para trás,
E ainda sem olhar.
Ou na melhor das hipóteses,
continuava no mesmo lugar.

Um dia, uma bifurcação no caminho
Fez a menina parar.
"Isto não está certo", repetia irritada.
Cruzous os braços,
Bateu os pés em um compasso,
E pôs-se a esperar.

Outras pessoas passavam
Pela menina teimosa
E não só por motivos de prosa
Davam-lhe uma rosa
E diziam: "Boa sorte. Você vai precisar".

E assim a vida seguia,
Com a menina noite e dia
Sem escolher que caminho tomar.
Os dois pareciam iguais.
Mas a menina sabia
Que o que era simples demais
Sempre escondia algo por trás,
E que ela não iria gostar.

No seu último suspiro,
Já cansada de esperar,
Cansada até mesmo para voltar,
A menina deitou-se nas rosas que recolheu
Por causa de todo caminho que não percorreu.
E ninguém mais parecia passar.
Quem poderia então ajudar?

O caminho da esquerda
Tão atraente agora
Trazia um viajante que outrora
Não estivera lá.
Ele sorriu divertido e disse:
"Está na hora de conhecer a vida lá fora".
Ela agarrou-se ao chão com suas últimas forças
E o viajante parecia decepcionado.
Ele poderia jurar que ela havia mudado.
Foi um sopro de alegria ligeiro
Mas que retomou quando ela sorriu e disse: "Quero conhecer a França primeiro".


***

Poema tosco e rimadinho.
Se você achou engraçado, não tem nada de errado.
Céu, estou rimando novamente.
Isso me deixa tão contente!
Espera... por que você está indo embora?
...
Tudo bem, eu espero lá fora.
Continuem lendo o blog,
que eu já volto.

Não me matem, eu sou feliz.

quarta-feira, 23 de março de 2011

O DIA FATÍDICO

Dando continuidade à pior viagem do século. Sentem a diferença de quando eu falo de Orlando... e quando eu falo de Boa Vista?

A festa "de arromba" da Nathália durou até de madrugada, e terminou com Nathália, Igor (meu primo legal, sim) e eu brincando de Guitar Hero no iPad.

Quem tava cansado continou cansado, quem tava bêbado continuou de ressaca... e TCHARAM, hoje era O DIA. O casamento.

Tive um pesadelo horrível naquele dia sobre duendes, baleias e um iPad do mal, e acordei assustada.. Tudo isso por causa de um casamento.

Mas você deve estar se pergutando: "Por que tanto ódio nesse coraçãozinho?".

Simples, caro amigo, eu explico.

Eu não sei por que alguém ainda vê motivos em se casar hoje em dia. Diga-me três casais que você conhece que estão há 20 anos felizes e apaixonados, e eu retiro tudo que disser daqui por diante.

Botando tudo na matemática, fica assim, aprendam com a tia:

Casamento = divórcio
Casamento + discussões = divórcio
Casamento + discussões + filhos = divórcio
Casamento + discussões + filhos + ação da gravidade = suicídio

É um contrato que não dá certo naturalmente. E como se não bastasse tudo isso, ainda tem a pompa toda da festa... que é numa igreja.

Este é o ápice do casamento, literalmente. Até a festa tudo são rosas. Mas depois, quando você conhece a verdadeira face do seu companheiro...

Vamos continuar a história.

Casamentos, acima de tudo, são estressantes.

Existe um salão - o único de Boa Vista, provavelmente - cujo dono é super "amigo" da minha "família", o que não é coisa difícil por lá.

É um salão administrado por... bichas. Lokas, lokas.

E eu tinha que entregar o meu cabelo - o meu puro e precioso cabelo - àqueles seres detestáveis. Não porque eles eram gays, mas porque eles eram realmente detestáveis e idiotas.

E acham que você adora fofocar sobre a sua vizinha de cadeira.
Poupe-me.

***

Transsexual lavando o meu cabelo numa sala isolada e escura. Eu estava com medo.
-AH, FOFA, VAMOS LAVAR ESSE CABELO! VAI QUE UM BOFE RESOLVE CHEIRAR E...
A minha cara de total ignorância/repulsa/revolta parou a(o) moça(o).
Bom mesmo.
E ela(e) passou a puxar com cada vez mais força o meu cabelo.
INVEJOSA, SÓ PORQUE EU TENHO CABELO, HÁ.

***

Eu não sei como as pessoas podem ser tão bestas.
Eu estava horrorizada com a cena se desenrolando na minha frente.

As mulheres que estariam presentes no casamento estavam sendo penteadas com cabelos irritantemente lisos com pontas completamente artificiais viradas à là bicha para fora.

E depois, maquiadas de uma forma que TODAS A MULHERES, até o ser mais bonito de Boa Vista (HAHAHAHA), ficasse com cara de drag queen.

E eu repetia insistemente na minha cabeça como um mantra: "Don't be a drag, just be a queen".

Outra... Glitter pra gay é a mesma coisa que arroz com feijão pra brasileiro. Tem que estar incluso em qualquer coisa.

É assim: exagera no glitter dourado canário no olho da moça, depois deixa a cara dela branca como talco, aí você pinta as bochechas de vermelho, passa um batom vermelhão na boca, deixa a sobrancelha parecendo uma arma pronta para disparar e... ALÔ, EMÍLIA!

Eu tentava colocar razão na cabeça das pessoas. Tentava começar uma revolução no salão - A Revolução das Xiquinhas de Cabelo. Mas ninguém me ouvia. A fumaça do secador já tinha encrostado no cérebro delas.

E eu peguei o meu trocinho feliz e comecei a xingar muito no twitter... literalmente. AH, QUE ALÍVIO, O MUNDO ME OUVIA, EU AINDA ESTAVA NA TERRA, O CÉU ERA AZUL DE NOVO...

Falando nisso, não parou de chover em nenhum dia que eu estava lá. Mas isso é outra história.

Vamos pular para o que interessa.

PRÉ-FESTA

Vestido de camadas preto, sandália preta, cabelo preto, olhos pretos... Tudo demonstrava o meu luto.

"Nossa, Ana Karla, você ficou bonita" - dizia o povo que pensava que eu era uma retardada de óculos e cara de autista. HÁ, QUEM É O PATO AGORA?

Pelo menos, aquele seria o meu dia de cisne. Cisne Queen, né Natalie Portman? Eu era a única queen-não-drag.

Migrei pra casa ao lado - da mãe do noivo - e encontrei o caos. Ou quase. Todos preocupados, atrasados, ansiosos e... Bom, não tava legal.

A mãe do noivo estava no cabeleireiro (tortura) até agora.

Quem não estava quase pronto e tirando fotos de tudo ainda estava tomando banho. Nathália queria colocar sua roupa de dama de honra mas sua mãe não deixava, alegando que ela ia sujar tudo antes da hora.

A irmã do noivo enfrentava a odisséia do alfinete.

E um único vulto, uma jovem alta e esguia, caminhando lentamente pelos jardins, parecia se destontear dos demais afobados. Era eu, praguejando ao vento.

Encontrei o novo terminando de se arrumar no quarto, com várias tias e primas dando palpites sobre tudo. Eu nunca tinha ficado tão perto de alguém que ia se amarrar em tão pouco tempo. Duas horas, pra ser específica.

Ele estava elegante de fraque, barba feita... e aparentemente feliz. Não vou discutir.

Não sabia se podia fazer piadinhas de casamento.
Não sabia se podia fazer piadinhas sobre a afobação do casamento.
Não sabia se podia fazer piadinhas sobre o atraso da noiva, a marcha nupcial e o discurso no padre.

Fiquei calada.
Eu queria era ir embora de lá.

"Ana Karla, vai buscar com a Tia Sinhá um alfinete de segurança pra Raphaela" - alguém disse.

Pronto.
Lá fui eu me aventurar pelos matos da vida até chegar na casa da tia. Ela cultiva de tudo naquele jardim, e eu posso jurar que um tomate tentou me morder. Essa é aquela tia que eu falei antes, sabe, aquela que fica sempre na TV, vendo toda a programação da Globo... Mas ela também costura.

Já fez muitos vestidos bonitos, e provavelmente teria vários alfinetes de segurança para prender uma parte do vestido da Rapha, que era madrinha.

Tudo estava escuro quando eu entrei na casinha.

-Tia?

Vi uma lagarta na parede. Me encolhi.

-Tia? A senhora está aí?

Sinto algo atrás de mim na porta, e eu quase pulei de susto quando uma voz irritada e rouca falou atrás de mim:

-Aqui, menina. O que foi?
-A Rapha precisa de um alfinete de segurança.
-Alfinete de segurança numa hora dessas?
-Errr... É.

E ela seguiu para sua mesa de costura. Tirou tudo das caixas, mas nenhum alfinete estava lá.

-Que cor é isso aqui?
-Tia, eu sou tão cega quanto a senhora.
Ela resmungou baixo.

Sim, eu tive que ficar sem óculos pra ir pra festa.

-Essas aí que dizem cuidar da casa... quando você vê, já levaram tudo. Eu tinha tanto alfinete aqui, tanta linha... Porcaria - resmungava.

Eu estava calada - era só isso queu sabia fazer, ultimamente.

Fomos para o quarto dela.

-O meu sapato, o meu sapato que a Tânia guardou, ela nunca mais devolveu. Agora, vou ter que usar aquele que dá calo. Inferno de vida, deixa eu te contar - dizia, enquanto revirava o guarda-roupa.

Achamos em algum lugar o maldito alfinete, e ela quase escorregou no tapete voltando para a sala, o que a fez resmungar mais um pouco.

-Cuidado, tia.

E, em uma hora dessas, estávamos prontos.

A CHATICE

Imaginava aquelas igrejas bonitas, com vitrais nas janelas e pinturas de anjos no teto, tipo as que nós temos aqui em Manaus... Mas um minuto antes de chegar, lembrei que estava em Boa Vista.

A igreja era minúscula - um ovo - assim como a cidade, e tinham insetos lá dentro que ainda não foram reconhecidos pelo homem.

Havia uma fileira na frente, uma única fileira, com uma placa dizendo "SOMENTE FAMÍLIA DO NOIVO". Sim, porque a família do noivo iria certamente caber naqueles cinco lugares. TÁ DE BRINCADEIRA, NÉ?

O povo legal - eu, Carlinhos e Igor, fomos para outro canto, e ficamos em paz.

Pra você ter ideia do absurdo da igreja, um GATO entrou lá dentro e ficou parado diante do altar, admirando Jesus Cristo crucificado. E foi embora sozinho, dez minutos depois.

E o povo já estava atrasado.
Quando que aquela jossa iria começar?

UMA HORA DEPOIS... O povo começa a entrar no altar, ao som de I'm yours... Seria tudo muito legal e bonito, se eu não estivesse praticamente do lado do cara que tocava o trompete.

E entram os avós, os tios, os 3497349435 padrinhos, as mães e os pais, e finalmente... a noiva.

Começou a marcha nupcial, que com um acorde final muito doido, virou aquela música My Girl.

E tudo transcorreu normalmente (e chato), até a hora mais esperada.

O meu sonho é ouvir um NÃO bem alto e claro na hora do "aceito", e a(o) noiva(o) sair correndo pra fora da igreja. CARA, TUDO IA VALER A PENA.

Mas não.

"Eu aceito" - disseram os dois com voz embargada.
"Então... eu os declaro *começa a tocar Viva la Vida*... marido e mulher. Pode beijar a sua noiva, meu caro.

"LEGAL" - gritou um japonesinho gordinho que era "daminho" de honra. PUTZ, eu me acabei de rir, olha. É ISSO que torna um casamento divertido.

Até que chegou a hora de Nathália e as alianças.
Eu estava sem óculos, e não vi a cena acontecendo.

Nathália entrou aos prantos na igreja, emocionando todo mundo.
"Ela ama muito o primo, sabe".

Logo depois se descobre que a menina estava mais nervosa que Harry Potter no seu primeiro jogo de Quadribol.

E a mãe "BORA, NATHÁLIA, OLHA PRA FOTO, ANDA PRA FRENTE!".
Assim até eu chorava.

Ok, mas deu tudo certo.
E já era hora de ir embora.
Não pra casa. Pra...

FESTA

Ir para um casamento é a provação de quanto você consegue aturar uma, no caso, duas, pessoas sem querer matá-las pelo resto da sua vida. Fazem você se arrumar o dia inteiro, te deixam esperando duas horas numa igreja, e como se não bastasse... te mandam pra after party "super animada" depois.

O DJ era péssimo, e só sabia tocar RAP pesado cantado por aqueles negos americanos doidões. Isso antes do povo começar a beber.

E quando não era rap... eram outras músicas terríveis depois.

E eu não tinha levado o meu DS. Sim, eu iria regredir, virar criança de novo, feliz com seu joguinho... porque pelo menos aquilo me faria feliz.

O jantar foi servido à meita-noite... Comida horrível, gelada e podre. Ok, podre não, mas ainda assim, horrível.

A noiva jogou o buquê, e as desesperadas atropelaram todo mundo no meio do caminho pra conseguir "a prenda".

Até que a discoteca começou.

Vem cá, existe alguma lei que PROÍBE música em volume aceitável para o ouvido humano em qualquer festa? Porque lá eles exageraram.

ESTAVA ABSURDAMENTE ALTO.
TOCANDO I WILL SURVIVE.
YMCA.
MACHO MAN.

SOCOOOOOOOOOOOOORRO, EU QUERO VOLTAR PRA IGREJA!!!!!!!!!!!

-Carlinhos, você quer ir embora o tanto quanto eu quero ir embora?
-Não.
Murchei.
-Eu tenho certeza que eu quero mais.

Eu e Sofia, o ser mais sensato da festa.
Carlinhos e eu, os dois irritados, fomos embora da festa no momento que os noivos iam "entrar" nela.

"A noite está só começando, Carlinhos" - ele tentou argumentar.

HAHAHAHAHAHA, LEGAL, FIQUE FELIZ E ME DEIXE IR EMBORA.

Saí da festa.

LIBERDADE!!
É TÃO BOM PODER OUVIR DE NOVO!!!
SINTO QUE POSSO CANTAR, DANÇAR, PULAR COM AS MARGARIDAS NO CAMPO!!

Eu fiquei feliz... porque a cota de casamentos dessa década já estava esgotada.
Agora, só em 2020.

Vocês não sabem o que é um ser humano feliz.