sexta-feira, 29 de abril de 2011

Direto dos contos de fada para a sua TV

Essa é para aqueles que, como eu, estavam fazendo qualquer outra coisa inútil na hora do Casamento Real de William e Kate. Coisas inúteis do tipo estar na escola, trabalho, dormindo...

Eu sei que vai reprisar 2382397364 na TV hoje, amanhã e no Fantástico, mas mesmo assim... sabe, a emoção a gente já perdeu. A tradução simultânea podre e os comentários ferinos também.

Mas não fique triste, princesinha.
Aqui está tudo que precisa saber, e que você vai rever um milhão de vezes nesse fim de semana.



Parece cena de filme, né?
Você que bufou agora, é, você mesmo. Incrível como tem aqueles que se recusam a aceitar/acreditar em contos de fadas, porque todos somos tão julgados por isso... Até parece que nunca viu um filme Disney.

Bom, agora temos a prova. Fiquem quietos, sim? Até a poeira baixar, pelo menos.


O mais engraçado mesmo foram as fotos que caíram na internet depois da cerimônia, e a nova paixão das garotas do mundo inteiro... Príncipe Harry.

Filhas perdidas foram encontradas, pessoas de luto ousaram aparecer, Harry foi um pentelho com o irmão... essas coisas.

Mal posso esperar pelo próximo casamento.



Os Beckham - de preto.
Aquele momento maravilhoso no qual você pode fazer pouco do seu irmão em uma ocasião especial porque você sabe que ele não vai revidar:

Harry: “Sua careca está aparecendo na Tv.”

Achamos a filha perdida da Lady Gaga

Pois é, né, princesa...

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Dia de Princesa

-Mãe, eu queria tanto ver o casamento real...
-Então assiste.
-É que não dá, mãe, eu tenho aula de manhã.
-Então falta.



E que levante a sua tiara aquela que só vai ver a reprise dos melhores momentos no Fantástico.
Faltar? Onde já se viu...

Meninas do séculos XXI - Elas querem ser princesas. Princesas formadas na faculdade.
E é por essas e outras que eu vou perder o casamento do século, sem um pingo de remorso.

Mentira, eu sei que vai ter alguém que vai contrabandear uma TV.
Quem precisa de aula?

domingo, 24 de abril de 2011

Melancia ao molho madeira no País das Maravilhas

Quem me conhece, sabe que eu não sou boa de garfo. Literalmente, pois eu só fui aprender direito lá pelos meus 10 anos, por causa da minha canhotice aguda. Mas, sem brincadeiras, eu não sou fã de... comer.

Sinceramente, comer é algo muito chato. E eu que tenho o maxilar deslocado... fica pior ainda. Além do mais, comida é algo nojento. Sim, aquela coisa molhada, que quando não está quente fica horrível e... Chega. Não é disso que eu vim falar. AH, e tem aquele negócio de pegar com a mão e... TÁ, agora eu parei.

Eu posso não ter o melhor paladar de Manaus, mas pelo menos, alguma noção eu tenho.

Bon appétit, mes amies... podem sentar na mesa que lá vem história.

***

É almoço de páscoa na família. Reunimos os que tiveram coragem para nos acompanharem até o restaurante Cero's, e tentar parecer uma família normal tendo um almoço normal num feriado normal.

Mas vocês sabem como isso é impossível comigo.

A mesa, redonda, com toalha cafona e cadeiras mais ainda, foi onde tudo aconteceu. Lá estávamos nós, reunidos naquele ambiente Casa dos Dursley, comendo e alfinetando as pessoas da mesa. Da nossa mesa.

-Ana, você engordou, hein? - disse a tia 1 para a minha mãe, que já estava, digamos, um doce de pessoa desde mais cedo. Eu não lembro se rolou patada, mas isso não importa agora.

Eu comia frango e carne. Sim, eu comia carne no Domingo de Páscoa, podem me matar agora. Mas isso também não importa, e nem eu me importo.

O que mais impressionava era a minha prima Nathália, de 12 anos. Ela derramou feijão pelo prato inteiro, e comia carne e arroz. Mas adivinha? Isso também não importa. O que importa era que ela tinha pegado duas pirâmides de melancia e colocado no canto do prato. Se tivesse mais uma, seria uma das 7 maravilhas dos pratos de comida do mundo.

-Nathália, tu juras que vai comer isso aí?
-Eu gosto de melancia.
-Então tá.

E a conversa continua.

Uma hora, todos já haviam acabado, e era hora da Nathália comer suas amadas e deliciosas melancias. Mas o problema é que ela tinha espalhado o molho madeira e o caldo do feijão pelo prato inteiro, tornando aquilo uma cena linda de se ver.

-Mãe, acho que temos um problema. - ela disse.
-Nada, filha, tá ótimo. Come - disse a tia 1, irritada.

E eu só olhando a cena, completamente assustada, procurando aceitação. Olhei pro meu irmão Carlinhos, que parecia pensar o mesmo que eu. Ufa. Não sou louca.

-Nathália, deixa de besteira e come logo - disse a minha mãe.

A Nathália olhava para todos os lados.
-Mas é que eu não quero comer. Foi você que pediu, mãe, agora TU come.
-DEIXA DE TEIMOSIA, NATHÁLIA! COME LOGO ESSA MELANCIA OU...

Surreal.
A mesa redonda lembrava aquela do País das Maravilhas, onde o Chapeleiro Maluco e a Lebre de Março tomam chá. Nathália era Alice, e eu era uma mera figurante, pelo menos por enquanto. Assistia em silêncio, até o Chapeleiro se manifestar:

-Mãe - chamou Carlinhos - Não se come a melancia assim, eu entendo. Ela misturou com o molho madeira, e nem está mais com o gosto da fruta.

Minha mãe se rebelou.
-VOCÊS NÃO SABEM MAIS O QUE É SAUDÁVEL, ESTÃO TODOS ERRADOS! A FRUTA É PRA SER COMIDA COM A CARNE TAMBÉM! É ASSIM QUE SE DEVE COMER!

-Certo. Mas tem gente que não gosta de comer a fruta enquanto almoça. E a Nathália nem queria. Então...

Nessa hora, Absolem, a lagarta azul que fuma, ou melhor, a tia 2, rouba um pedaço de carne daquela confusão toda do prato.

Meus olhos arregalados neste momento não importam.

-Vocês são todos loucos - foi o que eu disse. - Isso aqui tá parecendo mais a hora do chá no País das Maravilhas.

Todos caíram na gargalhada e começaram a indicar seus personagens. E justo quando a Nathália pensou que tinha se safado de comer a melancia ao molho madeira, iguaria no País das Maravilhas...

-Nathália... - a mãe repreendeu.
-AAAAH, MÃE!

***

Eu realmente não lembro como a história acabou, sério mesmo. E olha que foi hoje. Deve ter sido porque a minha cabeça estava sintonizada nos ovos de chocolate que me aguardavam no carro... ou só porque eu sou uma louca amnésica mesmo. É.

Eu só sei que a minha família é muito estranha. Muito, demais.
E eu MAL POSSO ESPERAR pro Natal chegar e... Tá, chega de ironia.

Feliz finalzinho de páscoa pra vocês.
E pro pessoal que mora no País das Maravilhas, feliz despáscoa. Porque amanhã não é mais páscoa, e eu quero dar as felicitações adiantado.

Só pra fazer vocês babarem...

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Mente sem fronteiras, coração sem limites

Sou daquelas que quando fica presa no elevador, em vez de pensar "OHMEUDEUS! ESTOU PRESA NO ELAVADOR!", pensa "Cara, acho que vou fazer um conto onde alguém fica preso num elevador... aí ele reflete sobre a vida e sai de lá uma nova pessoa. Vai ser um sucesso".

E isso aconteceu ontem.

A escrita faz parte de mim. A criatividade também. Agora, parece que o pânico não me pertence.

Aperfeiçoei a história enquanto o elevador subia loucamente para cima e para baixo, até parar e abrir na última garagem, já perto das portas do inferno, de tão longe que fica.

Nem me importei e logo dirigi-me para o outro elevador, onde estudei seu formato, seu tamanho, e quantas vezes uma pessoa pode bater com força na porta sem ela quebrar. Tudo na prática.

A porta abriu no meu andar, e dei-me de cara com a minha imagem no espelho.

"Você é louca, garota. Mas eu gosto." - o reflexo disse.


"Vá lá e seja feliz".


domingo, 17 de abril de 2011

Conheçam Marina, meu amor

Este post faz parte do especial DIÁRIO DE UMA VIAGEM PARA FLÓRIDA - THE SUNSHINE STATE. Parte 8.

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Você sabe o que mais tem nos Estados Unidos?
Se você, espertinho, disser "americanos", errou.

Nos Estados Unidos, tem muito é brasileiro. Verde e amarelo. Ou pelo menos, na Flórida tem.

Lojas brasileiras, atendentes brasileiros, restaurantes brasileiros... todo mundo é feliz. Você se sente em casa... e isso é ruim, porque você deu o maior duro pra sair do país e... parei.

Teve uma vez, lá no começo da viagem, que nós fomos pro único lugar que ainda tava aberto às 22 da noite. Pizza Hut. Sim, as coisas lá fecham cedo. E quando chegamos, tava a maior fila.

Tudo brasileiro.
Engraçado é que, embora sejamos um país de proporções continentais... todo mundo é igualzinho. Olha a ironia. XD

O que eu quero dizer, é que todos, de Norte ao Sul, temos os mesmos hábitos. E em outros países, isso se repete. Acordamos nem tão cedo nem tão tarde, vamos ao parque, compramos as coisas por último, aí seguimos para um restaurante. De preferência brasileiro. De preferência o Vittorio's ou o Camila's. Esses aí fazem a alegria da rapaziada...

Comida tipicamente... nossa. Mineira, pra ser mais específica, mas qualquer coisa que não seja hambúrguer e pizza já tá bom. E lá pelo final da primeira semana, você já tá doido pra comer uma farofa... e feijão também.

Pense num lugar lotado.
Você diria que é o próprio Brasil, se não olhasse pras roupas de frio de todo mundo. Ah, e pros cachecóis de Harry Potter também. E os bonés do Mickey...

E foi num dia desses, lá no Camila's... que eu conheci a Marina.

Estávamos lá, jantando, felizes, assistindo os primeiros capítulos da chatice de Insensato Coração na Globo Internacional, esperando que mais um dia feliz acabasse...

Na mesa, papai estava pro lado de lá, e eu e o Carlinhos estávamos pro lado de cá [?], de frente pra TV, ele na direita e eu na esquerda.

No nosso lado, mãe, filha e filho comiam igualmente felizes. Ou quase. A mãe e o filho sentavam pro lado oposto da televisão, e a filhinha sentava sozinha do outro lado, tentando assassinar o garfo.

Ela era muito desastrada. A mãe estava sempre repreendendo a pobre. "MARINA, PARA COM ISSO, MINHA FILHA! VOCÊ ESTÁ COM O CABELO NO FEIJÃO!", essas coisas.

Oh, Marina.
Ela devia ter seus 8 anos.

Até que Carlinhos foi pegar mais comida. Tudo bem. Quando voltou, se deparou com uma cena fantásica. Marina queria pegar o guardanapo, que estava debaixo do copo monstruoso de refrigerante. O mais lógico a se fazer, é claro, ERA PUXAR O GUARDANAPO COM TUDO E REZAR PRA SER O QUE DEUS QUISER. Obviamente, o copo de Coca foi derramado todinho na mãe e no irmão.

A essa altura, EU já estava rezando pela Marina.

A mãe meio que se levante e grita pausadamente, mas com raiva: "PORRA, MARINA, MEU AMOR! VOCÊ NÃO TEM JEITO MESMO! É MUITO DESTRAMBELHADA!".

Porra, Marina, meu amor.
"Eu não vou rir, eu não vou rir, eu não vou rir", acho que já estava meio roxa.

Sabe aqueles momentos em que você daria tudo por uma câmera de vídeo?
Perdi o que seria o maior sucesso do YouTube de 2011.
Mas isso a gente supera.

Agora, se a Marina supera, não sei.


No outro dia, estávamos indo novamente pro parque do Harry Potter (Islands of Adventure, ver antigos posts), e andando contentes naquelas esteiras de aeroporto que te fazem andar mais rápido.

Até que ao longe, eu vejo uma mãe, assim, meio irritada, gritando com a filha e apontando pra ela. Me aproximei e... PORRA, ERA A MARINA, MEU AMOR!

Eu fui correndo ao contrário, morrendo de rir, pra gritar pro Carlinhos "A MARINA TÁ AQUI! A MARINA TÁ AQUI!".

O chato é que ela nunca soube da minha existência. Mal sabe que somos grandes amigas.

Agora... quais são as chances disso acontecer? De ela estar no mesmo lugar que eu, fazendo as mesmas coisas de ontem? O capiroto é mesmo forte.

E depois disso, já sabia que a viagem estava completa.



NO PRÓXIMO POST... Cirque du Soleil e o final da viagem. Não percam!

Quero dedicar este post à Marina, meu amor, onde você estiver, não esquecerei de você. XD





sexta-feira, 15 de abril de 2011

Frases profundas de uma mente pouco brilhante


Encontre inspiração olhando para a sua manteiga no pão francês.

Pois se nada parece trazer inspiração... então, a gente inventa.

***

Canso das pessoas tão rápido quanto uma criança cansa do seu brinquedinho novo que veio no Mc Lanche Feliz.

***

Potencial eu tenho. Mas e o talento, cadê?

***

Eu sou rude, grossa, insensível e sarcárstica, mas tirando isso, sou uma criatura muito carente.

Preciso fazer isso mais vezes.

Conto de fada arretado


Quanto tempo faz desde a última vez que você sentou a sua bunda no sofá da sala com uma fatia de pizza pra assistir novela da Globo?

Não lembra?
Nunca fez isso?

Pois é, meu amigo.
É que, nos últimos tempos, tudo anda uma porcaria. Desde "A Favorita", não temos uma novela com enredo original, que prende a atenção. E esta foi uma novela das 8.

E assim, o brasileiro foi perdendo a sua tradição, talvez uma das mais antigas. Consistia em assistir o Jornal Nacional, responder o "Boa noite" do William Bonner e assistir a novela depois.

Agora é cada um pro seu canto.
Mas, pelo menos pra mim, isso vai mudar.

***

Cordel Encantado - a nova novela das 6.

Atores fantástcos, figurino divino, diálogos hilários e uma história de primeira. E é claro... Carmo Dalla Vecchia, meninas.

Pretendo comentar os capítulos assim que eu começar a assistir de verdade a novela. Hoje foi o primeiro capítulo que eu vi.

Vamos lá, pessoal, deem uma chance pras novelas de novo... Essa merece. XD


terça-feira, 12 de abril de 2011

Nunca diga que você não pode


Mamãe me ensinando a andar de bicicleta.
1999 - Póvoa do Varzim, Portugal.

5 minutos para a prova de matemática - 12/04/2011
Esta é a última prova, querida.
Você passou mais de uma semana sob pressão, fazendo provas complicadíssimas, lembra?
Você sobreviveu ao lado de estranhos de séries diferentes, sem nenhum amigo do lado, e tudo isso sem pânico.
Você teve vontade de rir de felicidade quando recebeu a prova de Redação, e também tentou se matar na prova de Física. Mas isso faz parte.

Esta é a última vez.
Você não estava muito bem na matéria, mas se recuperou. Vamos pensar nas possibilidades... não é possível que você tire uma nota tão baixa nessa que não vai compensar.

Olha para o professor fazendo graça com os alunos da frente.

Tudo bem, querida. Calma, respira. Isso, respira de novo. Viu como é bom? Não precisa me agradecer. Você sabe o assunto, você sabe. Deixa de ser tão insegura, vai...

Não importa o que aconteça, eu estou do seu lado.

***

E é isso que precisamos ouvir.

Nunca deixe que o medo impeça que você jogue, disse um filme chamado A Nova Cinderela. Uma frase muito sensata, na minha opinião.

Nunca diga que não consegue. Talvez a razão de tudo seja medo. E simplesmente medo.

Medo do que as pessoas vão achar,
como elas vão reagir,
se elas irão te tratar diferente depois disso.

Medo de errar.
Um medo muito comum nos dias de hoje.
A pressão é grande, e todos esperam o melhor de você.

Engraçado...
Esperam o melhor de você.
E o melhor para você?

Quem pensa nisso?
Você tem que pensar.

Quando pensar que tudo vai desmoronar, que não tem mais amanhã, que você é um nada... lembre-se da prova de matemática. A minha, a sua, tanto faz.

Lembre-se de tudo que você já fez, de tudo que já conquistou.
Pois o que se conquista não se perde.
É seu patrimônio.
E o que te torna especial.

***

Faça o que te deixa feliz.
Pule, dance, cante, vibre.
Seja você mesmo.

Não importa se você é branquelo, magrelo e pequeno, e quer jogar basquete ao lado dos grandões. Faça sua opinião valer. Seja um Carlinhos da vida.

E perca essa vergonha na cara. Se você jogar... vai ficar feliz, não vai? E você acha mesmo que pode perder essas chance só por causa do que os outros vão achar? Por que você não é bom o bastante.

Nunca diga que você não pode.

Carlinhos, meu irmão, ilustrando o personagem acima. Adoro zoar o criaturo.
1999 - Póvoa do Varzim, Portugal.


Você pode tudo.
Até voar, é claro, se você não se importar em ter umas costelas quebradas no processo.
Afinal, voar é fácil, é só se jogar no chão e errar.

Mas não diga que eu te mandei fazer isso.
Então, por razões de saúde, comece pela bicicleta.

Você senta, pega impulso, cai...
Você senta, pega impulso, vai com fé... e cai.
Você senta com vontade, pega aquele impulso, vai com fé... e sai pedalando.

Filha! Eu disse que você conseguia! Agora olha pra foto.

E se nada der certo, e você estiver tentando me matar agora com o mouse...
Lembre-se que sempre vai ter alguém lá quando você cair.
Alguém que vai te levantar, e sentar a tua bunda na bicicleta de novo.
Porque eu falo mesmo.




Agora, tá na hora de apreciar a vista ouvindo uma música legal... e pensar na sua vida.





Passeio em Lisboa.




Castelinho em Melgaço.
Obserse os três seres lá embaixo...


Carlinhos, eu e papai.
Veja como combinamos...

-Carlinhos, faça um desejo e jogue uma moeda na fonte.
-Eu vou jogar a maninha, porque ela é uma pedra preciosa.
ÊÊÊ, imagina se ele dissesse isso, eu ia me sentir, pô.


Sei que vocês gostaram do post...

... mas bem menos do que estão gostando de Portugal agora, né?

 Tire férias, seja feliz, vá para a terrinha.


domingo, 10 de abril de 2011

O homem do pijama listrado

Era um homem metódico, de rotinas. Após anos servindo o exército, não aguentava mais tantas surpresas, inconstância. Ele só queria estabilidade.

Todos os dias, acordava exatamente às 6:32 das manhã, rolava duas vezes na cama para o lado esquerdo, espreguiçava sempre virado para o norte, e calçava seus chinelos azuis. Primeiro o esquerdo, depois o direito, sempre assim. Depois, descia vagarosamente para a cozinha, onde cozinhava ovos com bacon e bebia suco de laranja. Deixava dois dedos de suco e lavava a louça. Movimentos uniformes, da direita para a esquerda, para cima e para baixo, e sucessivamente.

Regava as plantas, começando pelas begônias, e depois ia caminhar. Fazia isso com seu cachorro Percival, mas aí ele fugiu e deve ter morrido. Negando a morte do cachorro, pois aquilo seria uma mudança muito grande, levava um bicho de pelúcia para passear pelo parque na coleira.

E assim o homem metódico seguia a vida... Ou melhor, continuava dando replay nela.

Certo dia, eram 22:12 da noite. Hora de dormir, ele sabia. Subiu as escadas, colocou o bicho de pelúcia para dormir e seguiu ao banheiro para realizar suas higienes pessoais. Abriu o armário, puxou a gaveta, e teve um susto que quase o fez infartar... O pijama, o pijama azul listrado, não estava lá. Ele dormia com esse mesmo pijama há 12 anos. Não era possível, não podia sumir assim. Havia tirado hoje de manhã, deixado dobrado na poltrona... Lembrava disso. Era o que fazia todos os dias. Mas e se hoje foi diferente?

Ele não conseguia pensar nessa possibilidade. Todo aquele drama estava acabando com ele, e com tudo que ele havia construído para si nesses últimos anos.

22:15 - Céus, já havia passado da hora de dormir. E ele lá, divagando sobre o seu pijama. Lembrou-se do dia em que Percival tinha babado nele todinho, e levou a maior surra porque teria serviço no outro dia, e precisava levar o pijama. Pegou-se rindo com aquela recordação. Ou então, quando sua filha adentrou a sala vestindo o tal pijama listrado, extremamente largo e comprido no corpinho de criança dela. Suspirou. Pensou pela primeira vez em muito tempo sobre sua filha. Onde estaria ela agora? Casada? Com filhos, talvez?

Esqueceu um pouco do pijama, e sentou-se na cama, esgotado. Esgotado mentalmente, de tantos dias sem pensar. Sim, isso cansa, e como cansa. Ouviu a porta se abrir lentamente, mas não havia ninguém lá. Como ele já estava no inferno, resolveu abraçar o capeta.

Desceu as escadas preocupado, sem saber o que era. Estava tudo muito escuro na sala, e ele não achava o interruptor de luz. Até que sentiu algo molhado na sua mão, e gritou.

-PERCIVAL, NÃO ASSUSTE O PAPAI DESSE JEITO! - disse uma voz feminina, acendendo a luz.

***

Não preciso contar o que aconteceu depois daquele dia, pois é claro que cachorros e filhas conseguem transformar a vida de alguém. 
Mas se precisasse, já sei até como começaria...

Era um homem aventureiro e feliz, tão aventureiro e feliz como qualquer homem comum. Pois a sua felicidade era fazer de todo dia uma nova aventura...

Eis aqui o meu meigo e belo pijama que semeou a discórdia entre as minhas amigas. Pois um pijama dos Bananas de Pijamas deve ser o sonho de consumo de qualquer um. E eu tenho um, HÁ.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Série "Matando seu irmão"


Porque nem toda relação é 100% saudável.

Esta sou eu, e ao lado, meu irmão. Não viu? É que eu enterrei ele.

ACHOU!

Droga, ele sobreviveu. *pensa em outras formas de matar o dito cujo*

Vai o bom e velho tiro de espingarda...

Este menino é uma fênix, só pode. Vai na porrada mesmo.


Mas não se preocupem, nós nos amamos.
Quando eu não estou tentando matar ele, lógico.


-Pai, é geladinha, olha.


Bariloche, Argentina, 2006.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O estranho homem do lago


Fala, Brasil.

Como vocês sabem, estou em semana de provas.

Segunda-feira, tive a minha primeira prova de redação (SÓ de redação) na vida. E eu me diverti pacas fazendo. Explico.

A princípio, pensei que a prova teria questões dissertativas, já que nós fizemos duas apostilas durante as aulas. Mas não é que eu me surpreendo quando vejo que tínhamos que fazer uma REDAÇÃO na prova de REDAÇÃO?

Pois é.
"Faça um texto descritivo sobre uma pessoa, um animal, um objeto ou uma paisagem".

Quando li isso, EU QUASE PULEI DA CADEIRA! "QUE DIVERTIDO!", pensei bem alto.

Eu adoro fazer redações, e às vezes até fujo um pouco do assunto para poder ter mais liberdade na escrita e nos conteúdos. Os professores já conhecem. Bom, ESSE ainda não, mas ele vai, ah, se vai.

Aqui vai o texto adaptado, porque eu levei o rascunho pra casa.
Sejam felizes.

OBS: O texto, a história e seus personagens são dedicados às amigas Snapetes, que logicamente irão entender todas as agonias e trejeitos do "estranho homem" que eu usei como "muso".

***

Estava descansando embaixo de uma árvore, olhando serenamente para as estrelas, quando o vi. Um vulto alto, de andar elegante, caminhando silenciosamente em direção ao lago. Parecia um decadente aristocrata com suas roupas vistosas e negras, mas levemente amassadas, como se tivesse passado um par de dias dormindo ao relento. O que faria tão estranha figura a essas horas da madrugada aqui neste campo, sempre tão deserto? E então lembrei o motivo pelo qual eu estava lá – pensar. Aquele certamente era um bom lugar para pensar.

O homem virou de costas para o lago, e com um suspiro, sentou-se. Foi quando pude ver pela primeira vez o seu rosto. Era incrivelmente pálido, como se tivesse passado meses sem ver a luz calorosa do Sol. Aliás, nada parecia caloroso em suas feições. Tinha o semblante frio, inexpressivo, como se fosse a acostumado a nunca demonstrar qualquer tipo de emoção. E os olhos, então? Negros, profundos, olhos onde não era possível distinguir a íris da pupila. E o homem ficava cada vez mais indecifrável. Os cabelos, também negros, longos e escorridos pelo rosto branco contrastavam, balançando suavemente com a brisa, e assim os faziam parecer um anjo sombrio da noite. Tal conclusão deveria ter me assustado, mas não ousei sair do lugar. Não sei se por curiosidade, ou até mesmo por hipnose.

O traço mais impressionante do rosto era o nariz – grande, adunco, mas que combinava perfeitamente com o conjunto. Era como se aquilo o tornasse especial, único. Ao todo, o homem formava uma figura, no mínimo, peculiar. Chamativa. Nunca havia visto alguém parecido por essas bandas. Seria ele mais um daqueles viajantes nômades que costumam passar pela cidade em busca de aventuras em lugares desconhecidos? Não, provavelmente não. Ele não tinha cara de que se divertisse nem que isso fosse um decreto.

Abruptamente, levantou-se com um brilho diferente nos olhos e jogou com toda a sua força uma pedra branca na água, que quicou quatro vezes antes de afundar, deixando fortes ondulações no lago, antes intocado. Vi o quanto seus dedos eram longos e finos, e suas mãos, extremamente habilidosas. Ele poderia ser um exímio pianista se assim desejasse, pensei.

Logo percebi que o homem parecia estar com muita raiva de água, e nem isso conseguia demonstrar corretamente. Céus, ele precisava extravasar, relaxar! Mas, além de tudo, parecia triste também, melancólico, daquele jeito que só vemos em homens quando perdem o amor das suas vidas.

Naquele momento, eu estava com um enorme sentimento de pena para com ele, mas não sabia se isso era algo que o homem fosse aceitar. Parecia orgulhoso, individualista, assim - guardando tudo para si. Talvez nem soubesse que era aquilo que o estava destruindo.

Talvez ele precisasse saber, pensei. Era isso. Iria até ele, o confortaria mesmo se rejeitasse a ideia a princípio, pois acabaria percebendo que o que mais precisava era de um ombro amigo, alguém para compartilhar as mágoas após anos de solidão.

Mas, então, tudo aconteceu muito rápido. Um esquilo mexeu-se nas folhagens, assustando o homem com o movimento repentino, e antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ele havia sumido. Sim, ele havia desaparecido como pó, bem na minha frente. Estava sem reação. Ele podia ter sumido agora, não agora...

Seria ele bruxo? Fantasma? Ou até mesmo apenas um fruto da minha imaginação? Uma ilusão projetada por uma mente desesperada por respostas... ou mais perguntas?

Isso nunca saberia. Pois nunca mais cheguei a encontrar o estranho homem. A única coisa que sabia era que – se ele era então real -, havia perdido sua última chance naquela noite.

Sua última esperança.

Eu havia voltado ao bosque mais cinco vezes naquela semana... mas ninguém estava lá.


***

Saindo da prova, descendo as escadas em direção à cantina do colégio, ouvi a coisa mais bonita que alguém pode dizer.

Um garoto e uma garota de 17 anos, abraçados, que também tinham acabado de sair da prova.

E ele disse com um sorriso torto no rosto: "Na vigésima linha, eu já tinha acabado de descrever o seu rosto".

Eu estava passando pelo lado nessa hora, e quase caí da escada com a declaração. E olha que nem foi pra mim. Eu nunca pensei que alguém pudesse ser tão romântico. Tá, foi estranho. Mas a menina nem ligou. Corou, e sorriu de volta.

E é isso que importa.

Incrível, né?
Homem quando quer...



terça-feira, 5 de abril de 2011

Durante as provas,

Minha cabeça se rebela.

Na prova de Biologia, tive uma revelação sobre a vida no meio de uma questão sobre desnaturação proteica.

No prova de Literatura, tive uma ideia brilhante pra uma história, e não sosseguei até formular a base dela inteirinha pra poder continuar a prova.

A prova acaba, e eu fico olhando pro nada imaginando que a professora da sala de provas é um peixe, e que todos nós estávamosmos nadando nas ondas do conhecimento.

Depois eu decido que aquilo mais parece os exames NOM's de Harry Potter, e vejo que estou indo longe demais. Tento dar "Nox" na minha cabeça.

Fico duas horas sem poder fazer nada, nem olhar pros lados, e prefiro dormir. Sonho que tem alguém me mordendo, e acordo assustada, fazendo sinal da cruz.

Vejo que tem muita gente de outras séries fazendo prova caladinhos ainda, e disfarço legal.

Sabe aquela sensação de acordar no meio de pessoas estranhas com aquela cara linda, que nem no avião?

Eu comecei a achar, viajando, que todos tinham acabado de dormir também.
E pensei "Puxa, que legal".

Tinha um garoto dormindo lá no canto, e eu estava com vontade de cutucar ele, só de graça.

Como vocês podem perceber, eu fico bêbada quando acabo de acordar.

Olhei no relógio. PUTZ. Faltavam ainda 50 minutos de prova. 50 minutos Forever Alone, sem ao menos poder pegar um livro pra ser feliz...

50 minutos numa sala cheia de gente mais velha e estranha, 50 minutos antes de poder ir ao banheiro...


Faço provas para pensar. Literalmente.


segunda-feira, 4 de abril de 2011

São as pequenas coisas

Era mais uma segunda-feira.

Seu despertador não tocou, você saiu atrasado de casa
Nem tomou café
Pegou o trânsito infernal das manhãs, quase bateu o carro
Seu chefe brigou com você, e disse
"Esta é a última vez, está me ouvindo?"

Seu computador de trabalho estava cheio de vírus
Você passou meia hora tentando abrir o Excel
E mais meia hora explicando por que ainda não tinha terminado o arquivo

Na hora do café Do expediente
A nova estagiária desastrada derrubou um pouco de leite quente na sua camisa
E depois de mil pedidos de desculpas
Tudo que ela conseguiu foi sujar mais a sua gola com açúcar

Você voltou pra casa na hora do Rush
E dessa vez, bateu de verdade o carro
Foi só um arranhão
Mas você explodiu com o caminhoneiro, sim, caminhoneiro
Que fez o estrago.

Ele era um sujeito bronco, grosso
E quase que você levou porrada.

Ligou a rádio
E estava na Voz do Brasil
Abriu a caixa de CDs
E só tinha o Samba que a sua mulher adora
E você odeia.

Você passa dois minutos procurando a chave entre o carro e a porta
Amaldiçoando todos os descendentes de Murphy
E tentando imaginar o que ainda
Podia dar errado.

Girou a maçaneta, encontrou tudo desligado
Será que todos já estavam dormindo?
Foi até o quarto da filha

Ela se remexia na cama
Balançando suas pernas e bracinhos para cima
Quando lhe viu
Abriu o maior sorriso - banguela
E disse:
"Te amo, papai"


Ah, ele ganhou o dia.

Que sorte, não?

DIÁRIO DE UMA VIAGEM PARA FLÓRIDA - VÍDEOS

Enrolei, enrolei... mas cheguei.

Vocês não sabem a maior confusão que foi editar esses vídeos. Sem brincadeira, foram 2 dias na frente computador esperando alguma luz divina que iluminasse esse teimoso. Os vídeos não salvam de jeito nenhum, e olha que eu tentei de tudo - dimunuir a resolução, cortar o máximo possível... Nada. De nenhum jeito dava certo.

Então, dividi o dito cujo em seis partes, que você pode encontrar no meu canal no Youtube ou aqui.

Espero que vocês se divirtam com as legendas, pois algumas coisas dos vídeos eu nem revisei, do tanto que refiz. Já encontrei erros absurdos e embaraçosos, mas tudo bem. As legendas estão legais. XD

DIÁRIO DE UMA VIAGEM PARA FLÓRIDA - PARTE 1




DIÁRIO DE UMA VIAGEM PARA FLÓRIDA - PARTE 2




DIÁRIO DE UMA VIAGEM PARA FLÓRIDA - PARTE 3




DIÁRIO DE UMA VIAGEM PARA FLÓRIDA - PARTE 4




DIÁRIO DE UMA VIAGEM PARA FLÓRIDA - PARTE 5




DIÁRIO DE UMA VIAGEM PARA FLÓRIDA - PARTE 6





sexta-feira, 1 de abril de 2011

Procurando Nárnia


Estava passeando pela minha estante procurando algo novo para ler. Meus olhos logo bateram no grande livro preto, ainda intocado, esperando para ser aberto desde o Natal. Peguei-o. Na capa, um leão majestoso de olhos azuis e profundos, dourado como o Sol.

Aslam.

O grande leão cujo nome respeitamos e nos sentimos protegidos ao ouvir. Como uma simples junção de fonemas pode trazer tanto alívio e impor tanto temor, ao mesmo tempo? Não, não é só para o povo de Nárnia.

Você que assistiu o filme deve ter pensado o mesmo. Deve ter se encantado com Lúcia, A Destemida, assim como eu, lendo o livro. Deve ter o pensado o quanto aquele mundo era maravilhoso, assim como eu. Pois o filme foi adaptado de forma espetacular, e isso eu repito para quem quiser ouvir.

E quem não queria estar na hora da criação do mundo de Nárnia, em O Sobrinho do Mago, ouvindo o canto de Aslam ao lado de Polly e Digory, e presenciando o momento da primeira piada?

A princípio, pensei que os livros fossem, no mínimo, legais. Mas me dei de cara com uma história fantástica, onde parar de ler era o maior problema.

Depois do primeiro livro, citado acima, eu já estava completamente envolvida com as crônicas de Lewis. Mas, devo confessar, ele somente tomou o posto de um dos meus autores preferidos depois de uma pequena passagem em O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa... a dedicatória.

"Minha querida Lucy,

Comecei a escrever esta história para você, sem lembrar-me de que as meninas crescem mais depressa do que os livros. Resultado: agora você está muito grande para ler contos de fadas; quando o livro estiver impresso e encadernado, mais crescida estará. Mas um dia virá em que, muito mais velha, você voltará a ler histórias de fadas. Irá buscar este livro em alguma prateleira distante e sacudir-lhe o pó. Aí me dará sua opinião. É provável que, a essa altura, eu já esteja surdo demais para poder ouvi-la, ou velho demais para compreender o que você disser. Mas ainda serei o seu padrinho, muito amigo".

- Dedicatória do livro escrita por C. S. Lewis à Lucy Barfield


Lembro de quando entrava nos guarda-roupas das casas e ficava os explorando, para ver se achava uma passagem secreta para um mundo mágico, há muito anos atrás. Peguei-me fazendo o mesmo nos dias de hoje, com o mesmo brilho no olhar de antigamente. Olhar este de expectativa, esperança e divertimento.

Sim, assim como Lucy, voltei a ler contos de fada depois de crescida. E esta é a minha opinião.

Obrigada, Lewis, por me devolver algo há muito perdido.
Você plantou um poste de luz na minha Nárnia, e ele já está crescendo.