terça-feira, 28 de agosto de 2012

É Precipitado e Equivocado


A procrastinação define a minha vida. Provavelmente a sua também, embora talvez você nunca tenha pensado nisso. E sabe por que você nunca pensou? Porque estava procrastinando.

Antes de esclarecer para os leigos o significado dessa palavra tão sonora e gostosa de falar, gostaria de comentar... justamente isso. Repitam depois de mim: Procrastinação. Ai, delícia. Espera, foco.

Talvez seja o "erre" duplo e forte como em "frustração", talvez seja o fato de que eu pareça mais intelectual toda vez que eu a aplico casualmente em uma conversa, só sei que a palavra procrastinação parece indicar um estado agradável, relaxado e distraído dentro da mente (como em "divagação), por isso aparentemente é uma palavra boa. Só que não exatamente. Só que não.

Na verdade, o ato de procrastinar significa adiar ou deferir algo. O seu dever de casa, por exemplo. E em vez de lhe deixar feliz, você se sente estressado, com sensação de culpa, perda de produtividade e vergonha em relação aos outros - seres normais de cabeça pequena que apesar de tudo cumprem com seus compromissos e responsabilidades. E como resultado, você pode ainda sofrer de ansiedade crônica (ou coisas piores), se isso de alguma forma coisa impedir no funcionamento normal das suas ações no dia a dia.

Não parece mais tão bonito agora, né? Procrastine só pra 'cê ver.

Eu poderia explicar como funciona essa batalha de vontades na mente - na verdade é uma coisa bem divertida -, eu poderia até fazer um diálogo esperto, sarcástico e engraçado estrelando meu córtex pré-frontal (que basicamente controla as recompensas à longo prazo) e meu lobo pré-frontal (que é basicamente a porra louca do cérebro), eu poderia até fazer umas metáforas bem elaboradas para explicar o meu pequeno problema de desvio de atenção - mas é que eu estou com preguiça.

Agora, vamos passar para a parte que interessa e ver onde você se encaixa, shall we? Existem dois tipos de procrastinad

Desculpa, começou a tocar o Kuduro na novela e eu tive que parar pra dançar. Enfim, onde eu... ah, sim. Existem dois tipos de procastinadores:

O Tipo Relaxado
É aquele cara que sabe das suas responsabilidades, mas as renuncia em função de outras atividades mais prazerosas. Basicamente, é ter aquela pesquisa chata de Biologia pra fazer, ligar o computador, abrir o Google... e assistir aquele vídeo de gatinhos fofos voadores. O termo que mais tem a ver com essa forma de procrastinação é a "negação". Ou seja, você pode até aparentar não estar preocupado com os prazos, mas isso é apenas ilusório - é apenas uma evasão. Enfim, Freud explica.

O Tipo Tenso-Nervoso
Pressão. Ansiedade. Medo irracional de nunca ser bom o suficiente. Incapacidade de esvaziar a cabeça. É tenso. 

Para o pessoal do tique-tique nervoso, a vida é um completo estresse. E agora vou me aprofundar um pouquinho mais, porque meio que vem do coração. E se vem do coração - e não da mente - fica mais fácil, certo? Espera... não.

Talvez "perfeccionismo" seja o termo mais indicado para resumir esse tipo de procrastinador. Ou "angústia". Na verdade, tanto faz. O que importa é que é um sentimento bem ruim. E por bem ruim, eu quero dizer péssimo. É viver dominado por alguma pressão irreal/ imaginária, pensando que nunca há tempo o suficiente, que falta a habilidade, o talento ou a atenção para realizar suas atividades - desde prestar atenção nas aulas de Física a escrever um texto no blog - e no geral, sempre estar cercado de sentimentos negativos, da apreensão à proximidade iminente e inevitável... do fracasso.

O relaxamento de quem é ligeiramente perturbado assim é geralmente descrito como "temporário e inefetivo". O que significa que tentar relaxar deixa a pessoa mais estressada durante o processo, porque o cérebro realmente nunca desliga e volta para te culpar mais tarde. Essa pessoa também se sente bastante desconfortável no meio de outras mais confiantes e eloquentes, por ser tão incerta de si mesma, o que pode levar até a depressão. 

No meu caso, espero nunca chegar tão longe assim, afinal, eu também me distraio dançando o Kuduro ou assistindo a um show de gatinhos voando em 3D na minha tela. E também - embora tentativa e nada confiante -, procuro de fato aprender com as pessoas mais inteligentes que eu. O tempo todo. De uma forma bem paranoica, eu sei, hey, é um começo. Pra ser sincera, eu gasto cerca de 2 horas do meu dia ensaiando conversas, discursos, palestras, peças, reproduzindo citações de coisas que acho interessante, cantando, treinando todos os meus sotaques - só para as pessoas me acharem mais interessante também.  Ou continuarem a me achar interessante como sempre fizeram. Mal sabem elas. Afinal, querendo ou não, a pressão em mim sempre foi do tamanho de uma bigorna. Amarrada num piano. Sendo tocado por um elefante. De sainha rosa. 

Contextualizando, a pata do elefante vem dos meus pais. As teclas do piano vem dos amigos. A sainha rosa vem da imaginação. O mar que a bigorna cai dentro é a sociedade. E o resto é tudo eu, mesmo. A minha pressão - de mim para mim.

Patológico ou não, vocês tem que admitir que é frustrante (porque eu tinha que usar essa palavra até o final do post). E que eu preciso "relaxar". 

Ou então fazer um tratamento de choque, que tal?

Vai funcionar assim: vocês me chutam toda vez que eu falar que vou escrever um texto e não o fizer, pelo motivo que for. Vocês vão me incentivar (jogar um microfone na minha mão e me empurrar pro palco) a falar mais com as pessoas e a expor melhor os meus argumentos. Vocês vão jogar livros em português na minha cara e dizer que está tudo se bem se eu dedicar mais tempo à minha língua materna, e que as outras não vão fugir, e que vai sim dar tempo de aprender e dominar tudo que falta antes do 23. Ou 21. Pensando melhor, 20.

E, no geral, se eu começar a surtar, também por motivos variados (exemplos: faculdade, incapacidade de escrever sobre determinado assunto, Sherlock), me dê um abraço (ou me puxe pelo pescoço) e diga "Não se preocupe. Nada vai dar certo". Eu me sentirei muito melhor após obter essa confirmação - e assim eventualmente pararei com a "nóia", já que a vida realmente é curta porém bela, e essas coisas.

Ou então eu simplesmente morrerei de ataque de pânico qualquer dia dess

sábado, 11 de agosto de 2012

Oh, that´s Brazilian for "Suck it"


É feio não saber perder - se jogar no chão, quebrar a raquete, chorar, puxar os cabelos, vaiar a torcida adversária, xingar Deus e o mundo na rede de televisão mais próxima. É suficiente para deixar qualquer nação roxa de vergonha. 

Mas tão feio quanto - e aí que está o problema - é não saber ganhar. Convenhamos, ganhar é muito bom.  Principalmente dos americanos, não vou mentir. Saber o quanto merecemos a vitória, o quanto nos esforçamos para o ouro, seja na quadra, seja na torcida, seja pulando na frente da TV, isso sim não tem preço. Ver o Brasil todo na mesma batida, na base do "guenta, coração", famílias se abraçando, redes sociais indo à loucura.

Todos com "muito orgulho de ser brasileiro".

Certo, certo, eu entendo, é a emoção do momento. Como eu disse, é ótimo ganhar. Mas de que adianta endeusar o Brasil hoje para amanhã já recomeçar o processo de rejeitar/menosprezar/diminuir tudo que é nacional e dizer que aqui nada presta mesmo? Mas esqueçam esse argumento por ora. Nem eu sou adepta dele, já que patriotismo não é comigo.

Mas é que não é isso... é que o povo ainda exagera. E aí é que entra o tão famoso, o tão rude, o tão  brasileiro - o "Chupa". E é chupa isso, e é chupa aquilo, e é chupamos todos nós. Eu chupo, tu chupas, os americanos que se chupem, e eu nem consigo arranjar o ânimo pra continuar. 

Que feio, Brasil.
Eu nem sei onde vocês pretendem chegar quando fazem isso. Não sei o objetivo. É reconhecimento internacional? Mostrar pro gringo que "hey, hoje a gente arrasou com seu pessoal"? É levar tapinha nas costas e receber com muito sotaque e sorrisinho de lado um "Parabéns" meia-boca? É realmente rebeber - mesmo que temporariamente - essa adoração ridícula e ilusória?

Porque, companheiros e companheiras, o efeito é justamente o contrário. Eles (os americanos, o resto do mundo) só recebem mais uma confirmação daquilo que sempre ouviram a vida toda, e nem dá para culpar: "Brazil isn´t a serious country".

Mas não importa, porque tudo aqui no final vira piada mesmo. E vão argumentar contra dizendo que foi justamente essa a intenção - fazer piada. Certo, tudo bem, realmente, vocês conseguiram uma piada. Nada contra piadas, nada contra humor Rafinha Bastos, nada contra a liberdade de expressão. Piada é piada e pronto. Não importa se não atingiu o gringo, não importa se realmente foi engraçada.

Mas só peço que lembrem-se:
Pessoal, se tá na Internet, tá no mundo. E não tem como apagar. Os tweets vão. A piada perde a graça. A  vergonha nacional fica.  Então, por favor, controlem-se. 

E assim talvez estaremos fazendo um grande favor para o Brasil. Brasil com S, aliás, não Z.

Brasil, Brazil... afinal, qual dos dois é a caricatura do outro?

OBS.: Grande jogo, meninas do vôlei. Grande jogo.