sexta-feira, 4 de maio de 2012

As Crônicas de Dora, a Aventureira


Eu sei, eu sei, provavelmente o Brasil todo e boa parte do Zimbábue já ficaram sabendo dessa história, mas bloggar é preciso. Bloggar é vida, então sentem-se.

Às vezes eu penso que se contar algumas coisas que acontecem na minha vida, ninguém acreditaria. Porque, afinal, se fosse eu, também não acreditaria. Ou pensaria que você tem uma "Meu Deus, menina, você tem uma sorte do caramba".

De qualquer forma.

Lá estava eu, quarta-feira à noite, sentada no computador, cansadíssima após nossa bendita aula integral das 7:30 da manhã às 18:00 da tarde. Minha mãe foi deitar no quarto dela. Já era mais de 21 da noite. Até aí, tudo normal.

Quando de repente, ela solta O grito. O pai de todos os gritos. Que eu nem sei se grito foi. Só sei que em um segundo ela já estava arfando no escritório, como se tivesse acabado de ver o Fantasma da Ópera.

-Tem um gato branco na minha cama.

Demorei alguns instantes para processar a informação. Um gato? Mas nós moramos no 11o andar. Sem bichos. Aparentemente, sem vizinhos. E vem a minha mãe e diz que tem um gato, ainda mais BRANCO, sentado na cama dela.

Não levei a sério, logicamente. Ela estava reclamando muito semana passada de pesadelos com bichos - aranhas, cobras - subindo no lençol, então só poderia ser mais uma dessas coisas. Certo? Não.

Ela já estava em pé em cima da cadeira quando decidi averiguar. Me senti em Supernatural, caçando demônios. E se tivesse mesmo a porcaria de um gato branco rondando pela casa? Tava tudo escuro, quieto, calmo, assustador.

Quando eu ouvi o miado. E um vulto branco correndo pela sala.

Três segundos e meio depois, já estava de volta na cozinha, abrindo a porta de casa pro demônio sair. Acabou que quem saiu fui eu.

Minha sorte foi naquele momento ter ouvido no apartamento ao lado alguém gritando da varanda "DORA? DORA?". Foi só juntar os pontinhos a partir daí.

Virei para minha mãe, que ainda estava paralisada, e falei tranquilizante: "A vizinha tem uma gata chamada Dora que passou pelas grades da varanda enquanto nós estávamos distraídas e foi parar no seu quarto. Sem pânico".

"Como você sabe disso?"
Sorri.

Ainda sorrindo afetadamente, fui bater na porta da vizinha. Ela abriu sem fôlego, abriu a boca pra falar e eu: "Você tem um gato chamado Dora?". 
"SIM".
"Ela está na cama da minha mãe".

Toda sem jeito, morrendo de vergonha e vontade de matar a "Teodora", a moça me acompanhou até dentro de casa, quando a batalha começou.

A Dora não tava a fim de sair de lá de jeito nenhum. Saiu correndo pela mesa de jantar, subiu no sofá, foi parar de novo nos quartos, até que enfim foi encurralada.

A moça, ainda querendo se enterrar em algum buraco, levou a Dora de olhos fechados, para ela não achar o caminho de volta, eu acenando retardadamente adeus para minha nova amiguinha peluda, a moça roxa, minha mãe verde, e a noite com um lindo céu azul. Muitas, muitas cores.

Um gato branco no quarto da minha mãe. Deitado na cama com ela. Pois é.

Basicamente, foi isso.

Ah, como eu adoro a minha vida.

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