terça-feira, 6 de novembro de 2012

Divagações e Reclamações,

de fato.

Numa medida desesperada de adquirir ~inspiração~ por meio da força bruta, decidi escrever pelas próximas semanas sobre tudo que me ocorrer ao longo dos dias. Absolutamente tudo, com todas as vírgulas e pingos nos is. Sem filtro, sem censura, sem noção. Aqueles pensamentos mais absurdos e reflexões inacabadas que te assombram (inexplicavelmente) bem no meio da sua prova de física. Todos eles e mais. Porque as ideias estão se esvaindo - e a gente tem que trabalhar com aquilo que tem.

No meu caso, o que eu tenho agora é uma câmera fotográfica, e já que não consigo encontrar no momento uma função social melhor para ela, acho que vou descrevê-la. É. Sabe, só para não perder o ritmo da escrita, aquela sensação boa de bater os dedos contra o teclado e produzir sons invisíveis. Bom, ela é grande, preta e tem uma tela enorme. É uma câmera muito boa. Acho que é só isso.

Certo, sem mais delongas, sinto que está na hora de desabafar. Meu dedão do pé direito está doendo faz uma semana. Talvez eu tenha topado feio em algum lugar, mas talvez eu tenha torcido, assim, só o dedo. O que eu sei mesmo é que eu fui mal na prova de matemática hoje, e não poderia ligar menos para isso. Sinto que nunca aprendi o que é uma cotangente na minha vida e prefiro continuar assim.

Por outro lado, eu estava caminhando em direção ao carro quando cheguei à conclusão de que a vida é, sim, de fato, bela. Uma pena mesmo que o Sol estava de lascar e agora eu não tenho certeza se posso considerar isso uma conclusão válida e transformadora ou um devaneio provocado por insolação.

De qualquer forma, sinto que fui produtiva hoje - e isso é sempre bom - ao assistir um documentário da BBC sobre Van Gogh (Painted With Words) e maravilhar por algumas horas sobre o espetáculo que é o nosso universo. Ao tentar traduzir tais sentimentos tão profundos em palavras singelas e poéticas, falhei brilhantemente logo no primeiro parágrafo e desisti, alegando que não estou no clima para fazer alegorias.

Mas meu cérebro, perversa máquina como é, continuou me atormentando pelo resto da tarde, mandando meu corpo marchar de volta para o computador, sentar minha bunda na cadeira, abrir um documento no Word e só levantar se sair nada menos do que Shakespeare de lá. São quase 11 da noite e eu continuo sentada, o que só pode significar só uma coisa.

Acho que eu ainda vou passar muito tempo por aqui.

Não faz mal, porque estou visivelmente preocupada com o que está acontecendo no mundo real, esse mundo em que vocês vivem, em que estão acontecendo as eleições para presidente dos Estados Unidos, e eu não consigo tomar coragem para abrir qualquer página no Google e ver quem ganhou. De repente minha cadeira parece muito mais confortável e meu dedo muito menos dolorido.

Rebobinando um pouco o assunto, Van Gogh foi um homem perturbado, depressivo, possivelmente daltônico porém indubitavelmente brilhante que teve a infelicidade de nascer na hora errada/viver sem os contatos certos em uma época de transformação, talvez a mais importante de todas, quando o homem ainda estava testando e aprimorando essas coisas que hoje a gente nem liga mais.

O que me faz refletir sobre a importância da televisão. E como a gente só dá valor depois que perde, fico aqui morrendo de vontade de assistir o Jô justamente quando a Sky não está funcionando. Já faz uma semana, essa novela. Tudo isso por causa da mini Sandy que atingiu a minha cidade, mas isso é outra história e dá até preguiça de pensar.

Incrível a inevitabilidade do ciclo da vida.

Comecei falando sobre preguiça de pensar, passei por câmeras, dedões, pintores impressionistas e todo o universo - e voltei adivinha pra onde.

Não sei quando essa maré baixa de ~inspiração~ e inundação de vai passar, mas se puder escolher, que de preferência seja logo, porque não aguento mais correr pela casa desesperada com a minha câmera na mão topando nos móveis e
                                                         descendo
                                                                      pelas
                                                                            escadas,
tentando achar as cores de Van Gogh em todo lugar. É ligeiramente desconcertante e eu realmente tenho mais o que fazer.

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