domingo, 13 de janeiro de 2013

1ª semana


Respira. Há uma semana, não acreditaria se alguém contasse o que eu iria passar para chegar até Londres, e se tivesse, teria ficado aterrorizada e provavelmente andaria para trás com a viagem. Mas reconheço que o que passei foi ao menos importante para me amadurecer como pessoa e aprender a enfrentar meus problemas sozinha. Da maneira mais inortodoxa possível, sim, mas de qualquer forma, uma aprendizagem.

Meu voo Lisboa/Londres foi de fato tranquilo, o "aperreio" começou mesmo quando cheguei. Logo na imigração, um indiano carrancudo foi rude comigo de propósito, tentando me assustar à toa. Depois de pegar minha mala, meu traslado não estava em nenhum lugar por perto. Não estava nem lá.

Liguei para o número de emergência e uma voz que parecia gravação perguntou qual era o meu problema. Expliquei detalhadamente e esperei por uma resposta. Ela disse que me ligaria de volta. Okay, eu disse.

Esperei sentada enquanto o aeroporto esvaziava, mochila na mão, mala na outra. Ela retornou após alguns minutos. Aleluia, pensei. Disse que o rapaz estava preso no trânsito e que demoraria mais um pouco. Okay, eu disse.

E ele chegou. Acabou que era um cara muito legal, um polonês bastante interessado pelo Brasil. A viagem até Bristol durou aproximadamente 3 horas e quando cheguei, perceberam que estava na residência errada. Fui até a certa e esperei por mais 15 minutos lá fora, torcendo para que nada mais complicasse a noite. No final das contas, meu andar só tinha acesso pela escada e minha roommate não falava. Okay, sem problema, pelo menos já estou aqui.

Durante todo esse processo, não reclamei nenhuma vez. Muitas vezes porque não era culpa da pessoa, outras porque não havia nada que eu pudesse fazer. De todo jeito, não estava nem um pouquinho feliz.

EF Bristol
No outro dia, descobri que meu nome não estava em nenhum grupo no colégio. Na verdade, esta é uma história muito longa e não vale a pena ser elaborada. Em suma: já que na minha residência havia um grupo de brasileiros, resolveram me agregar às atividades deles. O mais engraçado é: eu fui agregada ao programa que eu explicitamente havia avisado que não queria fazer parte, o Language Camp da EF.

Basicamente, é um grupo de 40 brasileiros que passa 3 semanas na Inglaterra, 1 semana passeando pela Europa, sempre com um líder, atendendo a todas as atividades juntos, todos os quarenta. Que maravilha. Eu, que odeio barulho/tumulto/andar em grupo, estava fadada a ficar por lá mesmo, porque não havia escolha.

Tudo bem. O pessoal lá era legal e essa semana foi importante para soltar mais meu inglês, sempre acompanhada por um adulto responsável para me auxiliar. Logicamente, durante a semana, tive que correr atrás de muitas outras coisas que não estavam resolvidas, e minha rotina era bem mais cansativa que a dos outros alunos do grupo. Foi exaustivo e eu vivia angustiada com o que vinha a seguir, embora não mostrasse.

Aliás, assistindo por fora, o pessoal achava que eu estava lidando com tudo brilhantemente. "Sorte que você é bem sociável, né?" ou "Admiro muito a forma que você consegue se manter equilibrada mesmo com isso tudo acontecendo" ou "Mas você não é inglesa?!".

Okay, isso foi bom para o ego. Mas não é seu ego que te mantém aquecida à noite, esta é a sua consciência. E a minha consciência andava meio abatida.

Meu aniversário, porém, foi muito divertido. Primeiro porque eu nem lembrava que era meu aniversário, segundo porque todo mundo foi propositalmente mais legal comigo, até o staff do colégio. A hora mais engraçada foi quando eu estava discutindo os detalhes do transfer na recepção, e o cara do balcão SURGE com um bolinho e começa a mobilizar a escola toda a cantar parabéns pra mim.

À noite, comemos pizza (minha primeira refeição decente durante a viagem) e respondi mensagens de familiares. O que me lembra: a comida.

Ugh, a comida. Sempre fui seletiva (fresca) pra comer, só que aqui tive que deixar muita coisa de lado. O sanduíche do almoço era realmente abominável e sempre dávamos um jeito de comer outra coisa nesse horário. Já esperava isso, de verdade, então não foi uma surpresa.

Visitamos Stonehenge (as pedras), Windstor Castle (residência oficial da família real), Hampton Court Castle (antiga residência do Henry VIII), o navio S. S. Britain (depois explico) e partes importantes da cidade de Bristol, como Nelson St., uma rua tomada por graffiti (artístico).


Hoje me separei do grupo que me adotou. Eles seguiram para Londres mais cedo, enquanto continuei esperando pelo meu traslado. Acabou que também era um senhor simpático, paquistanês, que conversou comigo e esclareceu algumas coisas no caminho. A Host Family, porém, não atendia nenhum telefone e ele não tinha como saber exatamente onde a casa ficava. Quando chegamos, quase três horas depois, ele logo avisou que essa foi a maior viagem que  já havia feito para deixar um aluno. Realmente, a casa fica a 1 hora do centro de Londres de metrô, o que é uma distância ridiculamente absurda. A área também não parece muito segura e a casa é simples. A senhora dona da casa não é britânica e trabalha à noite como enfermeira. Minha roommate é colombiana e também não parece muito interessada em mim até o momento. Tudo isso seria perfeitamente aceitável se não fosse essa distância e isolamento geográfico.

Felizmente, já conversei com meu pai e amanhã mesmo ele verá o que pode ser feito. Enquanto isso, me atualizo nas notícias globais e descanso um pouquinho num lugar que (YAAAAAAAAY) tem Internet.

Apesar de tudo, acho que estou bem [?]. Depois de uma semana como essa, não sei mais a diferença entre um "inconveniente" e um "problemão" e, pra mim, contanto que tenha um aquecedor por perto, estarei satisfeita. Ou quase.

Residência dos alunos (Bristol)
Fotos serão adicionadas daqui a pouco. Manterei vocês atualizados.

Um comentário:

Anônimo disse...

To acompanhando tudo. Pode continuar a história que estou curiosa com o desenrolar dessa viagem.
Bjs filhota