quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

É amanhã!


Só para constar, eu acho muito engraçado que a minha primeira palavra todos os anos sempre é "JÁ?". E eu tenho vídeos para provar. Feliz ano novo, pessoal.

Então, meu voo é amanhã. Meu itinerário será levemente confuso e possivelmente arriscado, mas enquanto eu puder bloggar sobre isso, tudo bem. 

Visitarei o escritório da EF (Education First) de Fortaleza, onde checarei se tudo está ok e se posso prosseguir sem maiores surpresas. Afinal, de lá, embarco num voo corajoso para Lisboa (completamente desvinculado do intercâmbio), e então viajarei para Londres - desesperadamente rezando para que o senhor do traslado esteja me esperando, calmo e pacientemente, com uma plaquinha (de preferência).

Nessa brincadeira toda, passo mais ou menos dois dias "en route". Sozinha. Mas, novamente - se puder bloggar, tá tudo bem. Quer dizer, não. Mas vocês entenderam.

O que falta arrumar? Só o básico mesmo. Lembrando que é sempre bom ir com uma mala não muito cheia, já que muitas coisas você vai comprar na sua estada mesmo.

Como estou me sentindo? Na boa, acho. Mentira, tô não. Na verdade, nem sei. Por isso resolvi fazer uma tabela - eu sempre me sinto melhor depois de fazer tabelas - pra organizar os pensamentos. A primeira coluna será preenchida na ida, e irei intitulá-la de "EXPECTATIVAS", a segunda coluna será preenchida na volta, logicamente denominada "A REALIDADE".

Os posts entre estes dois extremos contarão as minhas experiências (e a maioria deles já irá responder a essas perguntas), mas as tabelas são necessárias para traçar uma conclusão confiável e precisa sobre o resultado da viagem como um todo. Principalmente, para ver onde se encontram os maiores equívocos sobre a experiência do intercâmbio e acabar com esses paradigmas de vez. Ou seja: mandar a real. Chato, né? Mas um dia vocês ainda vão entender que no fundo eu só sou uma frustrada futura antropóloga que não tem vida social porque vive fazendo tabelas.

Enfim, não reclamem das tabelas, eu gosto de tabelas (e pautas e roteiros e todas as formas de organização de palavras). Cole Sprouse, este é o meu experimento social. Lembrando que a primeira tabela aqui é abstrata, porque não dá pra fazer tabelas aqui no blogger. Ai, tá bom, chega de tabela.

EXPECTATIVAS

GERAL: Confiante e, no geral, BEM SASSY (as usual) de manhã, à noite tentando evitar pequenos ataques de pânico e ansiedade. Escrevo no blog que tá tudo beleza, mas suspeito esta seja uma atenuação das minhas emoções. (Sentimentos contraditórios quanto à experiência, tendendo para o lado positivo quando em público).

VOO: Sinto que vou me perder no aeroporto de Lisboa. Nervosa quanto aos procedimentos de imigração, check-in e alfândega, aflita quanto à prospectiva de pedir informações para estranhos, ansiosa quanto à coisa toda. Sinto que vou perder o voo de volta para casa. Sinto também que isso não será um problema.

BRISTOL: Tenho absoluta certeza de que a cidade é linda. Já vi fotos, vídeos, conheço séries que se passam por lá. Tem meu tipo de arquitetura preferida e lá as pessoas são (ligeiramente) menos reservadas que nas outras cidades da Inglaterra, talvez por influência da televisão (muitos estúdios da BBC estão por lá). Apesar de tudo, não desconsidero o fato de ser uma cidade "grande", e por isso preciso tomar os mesmos cuidados que tomaria em qualquer lugar desconhecido. Responsabilidade sempre.


ESCOLA: Assim como a cidade, só conheço a EF de Bristol por meio de vídeos ou imagens. Confesso  estar meio cética quanto a eficácia das aulas e o quanto elas surtirão efeito no aumento do meu nível de inglês, mas como sempre, espero ser surpreendida. Afinal, não estou indo lá para aprender, e sim praticar. Gostaria que os dormitórios fossem limpinhos (valendo também para os banheiros) e que tivessem o mínimo de sistema de aquecimento (porque... Inverno). No geral, sinto que a escola em si é o menor do meus problemas.

PESSOAS: Porque é aí que a coisa pega. Não faço a menor ideia de quem ficará no dormitório comigo, pode ser tanto uma japonesa gente boa quanto uma francesa sem noção de saneamento básico, ou o contrário, ou uma menina mala, ou uma alemã nazista que tente me assassinar durante meu sono, ou uma menina que pensa que é um menino. Você não tem como prever esse tipo de coisa, e só resta rezar (para Deus, Alá, Buda e afiliados) para que sejam misericordiosos.

Este tópico merece um outro parágrafo porque pessoas não cabem em um parágrafo só. Pessoas são irritantemente complexas e têm uma capacidade inacreditável de fazer você se sentir mal. Ou bem. Fica aqui registrado que eu estou com medo de não me enturmar, embora saiba que isso seja quase impossível. Sim, eu sei que todo mundo vai estar no mesmo barco que eu, sim, eu sei que todo mundo (ou todo mundo do mundo) vai estar louco para fazer amigos e passear, eu sei de tudo isso, mas quem disse que o medo é racional. Eu estou com medo

- e aqui eu gostaria de usar outros adjetivos menos comprometedores, como angustiada, ansiosa, inquieta, afoita, afobada, mas a verdade é que eu andei analisando e vi que estou com medo mesmo -

de não conseguir me comunicar, me expressar, de ficar com a língua presa, de não sair de casa e ficar adiando excursões, estou com medo de ser antissocial, porque é muito fácil ser antissocial. Eu tenho um medo (natural) absurdo de estar num lugar e não conseguir ser ouvida, porque não consigo falar. Ou encontrar palavras. Ou expressar opiniões. Em suma, tenho medo de sofrer um surto longo e aterrorizante de afasia. E assim, não me aproximar de ninguém. Pronto, falei.

(Este tópico cumpriu sua função social e tem 2 parágrafos. Sim, conte de novo.)

COMIDA: Sou chata para comer e ficarei por 1 mês sem arroz. Não estou a fim de experimentar iguarias britânicas como feijões doces, nem chá com leite, mas me encontro relativamente aberta à novas cozinhas, e sei que como quase qualquer coisa sob pressão. Em quantidades miúdas, mas gente chata pra comer tem suas maneiras de disfarçar. Não estou tão preocupada assim com comida, mas talvez isso seja por que eu não pense muito em comida. De qualquer forma, o problema no final não vai ser o que eu vou comer. E sim onde e por que preço. Lembrando que estarei num dos países mais caros da Europa. Por isso, sei que precisarei encontrar formas de economizar. O que me lembra de...

DINHEIRO & COMPRAS: Posso ser adolescente, do sexo feminino, e ainda por cima brasileira, posso ter todos esses agravantes, mas não, não sou uma consumista descontrolada no exterior. Estou sentindo que a minha mãe vai ter que me forçar (via Skype) a comprar mais lembranças e presentes (até mesmo para mim) de Londres, porque eu sou pão-duríssima e econômica. Não quero que isso seja um problema e gostaria de arriscar nem que seja um pouquinho, só pra dizer que - pela primeira vez - comprei uma bugiganga inútil (porque o vendedor me iludiu).

HOST FAMILY: Hoje é dia 3 de janeiro, 23:19, eu ainda estou em Manaus, e não faço ideia de como isso vai funcionar. Só receberei qualquer informação sobre a suposta casa uma vez que estiver em Fortaleza, conversando com meu atendente no escritório da EF. Deixando claro aqui na coluna das EXPECTATIVAS que eu não esperava ficar numa casa de família, e sim numa residência estudantil, mas que isso não foi possível por conta de uma lei aprovada um mês antes de viajar. Não importa o que aconteça, sei que devo: ficar na minha, seguir as regras da casa, deixar meu quarto limpo e manter uma relação saudável com a minha colega de quarto. Não espero que a host family seja particularmente afável ou interessada em mim, porque quem vai com essas expectativas sempre se ferra, por isso vou esperando o pior. O que vier é lucro.

LONDRES: Londres é um caos adorável. Já conheço a cidade e esta é a minha opinião formada sobre ela. Eu amo caos adoráveis ainda mais do que eu amo tabelas. Posso ser assaltada no metrô, mas sempre me referirei à experiência com ternura no olhar. Se eu estou em Londres, eu estou bem. Expectativa e realidade.

UMA PALAVRA PARA DESCREVER O MOMENTO: asdfghjklç

fim das expectativas.

Então, é isso, pessoal. Definitivamente está começando. A partir do dia 4 de fevereiro, terei novas opiniões e conclusões quanto aos tópicos discutidos acima, e isso francamente é assustador. Mudança assusta, ficar estagnado é pior... Mas é pra mudar que eu estou me submetendo a isso, não? E que Deus (e Alá e Buda e Zeus e a Força) esteja ao meu lado.


Um comentário:

Anônimo disse...

Eita!!!

Agora vai dar td certo!!!!

Filha, eu te amo!!!