sábado, 1 de setembro de 2012

Drama, drama, drama

Quarta-feira coisas muito estranhas aconteceram comigo.

Primeiro eu estava andando calmamente, até que comecei a correr em círculos sem nenhum motivo aparente, só que aí o meu pé esquerdo ficou preso no chão e eu tive que arrancá-lo de lá, o que teve que ser bem rápido porque de repente o chão ficou mole e começou a queimar, aí eu tive que mancar pela sala porque os meus dois pés agora estavam em carne-viva, e tudo doía muito, até que eu lembrei da aula de química e tive que me arrastar até a porta e me jogar no chão, mas foi então que eu lembrei que estava com muita vontade de ir ao banheiro, só que a maçaneta estava emperrada e eu tive que arrombar a porta, o problema era que não tinha papel e tinha um presente esperando por mim no vaso.

Depois de aliviada, resolvi dormir e acordei ao som de pássaros com diarreia, no meio do mato, cheia de folhas à minha volta, e me espreguicei por vários minutos, até lembrar da aula de química - porque também aparentemente tenho uma todo dia - e me joguei no chão de novo.

Foi nesse momento que a professora mandou a gente se levantar, porque a encenação tinha ficado realmente muito boa, mas felizmente havia chegado ao final. Sim, era uma dinâmica de teatro, eu não fumei maconha.

Estava mais do que na hora de eu começar a fazer aulas de teatro, mas ainda não sei direito o que penso a respeito delas. Mas isso deve-se também ao fato de que eu nunca consigo terminar nada do que começo, por preguiça ou falta de interesse mesmo - e isso não pode acontecer dessa vez. Porque, porque o teatro é importante para mim.

Adoro atuar. Não considero atividade como um hobby, mas como um estilo de vida. Saber usar a sobrancelha certa, na hora certa, com tom de voz certo, e o movimento certo com as mãos para intensificar, potencializar e maximizar o poder de uma fala, opinião ou gesto. E assim chamar a atenção das pessoas.

É claro que teatro não é só isso, e são os detalhes que me preocupam. Se de fato é uma coisa que eu desejo levar adiante, então preciso entender também a importância da expressão corporal, como me portar em cena, como não sofrer um ataque de nervos no palco, como improvisar, o que fazer com meus braços etc.

E ainda ter que sofrer com as dinâmicas de grupo. Para atuar, como muitos sabem, a química é tudo. Então é preciso conhecer e se sentir confortável com seus colegas - o que leva tempo e esforço - para ter realismo maior na atuação. E por isso nos submetemos a brincadeiras aparentemente bobas em que temos que correr de um lado para o outro, ou então ficar batendo palmas para alguém que está na sua esquerda toda vez que vier o sinal, ou simplesmente ficar encarando o outro pelo maior tempo possível sem rir ou desviar o olhar.

São as famosas excentricidades do teatro que finalmente se revelam. Está aí uma faceta do teatro que realmente não tem apelo algum para mim, não vejo o sentido. Aprofundando o pensamento, eu realmente nunca liguei muito para as excentricidades,  ou para o glamour, ou para o "standing ovation"  no final de cada peça - nunca foram meu objetivo ao atuar, e não sei se isso torna o meu desejo e dedicação menor do que os dos outros aspirantes a atores, não tenho ainda como saber. O que eu realmente me interesso é em poder me tornar outra pessoa, adquirir suas manias e trejeitos. É seguir um roteiro, é animar, emocionar e entreter. Isso, é claro, se eu tiver o talento o suficiente para tal. Novamente, não tenho ainda como saber direito.

Resumindo, minha experiência com o teatro de verdade beira o zero, mas não a minha experiência em atuação. Gosto de pensar que só está faltando oficializar a relação para ela ser de verdade verdadeira, sem ninguém poder contestar.

Só espero não ter que pedir um divórcio forçado em um futuro próximo, e passar por uma dolorosa separação. Tudo por causa da minha falta de esforço e indiferença quanto ao nosso casamento. Pois sei que continuarei amando o teatro, perto ou longe, e não poderei evitar em pensar que foi minha, minha culpa somente, por ser tão volúvel e apressada. E viverei sozinha em aflição, carregando o peso da consciência do que poderia ter sido, mas nunca foi, e jamais será.

Eita, drama.

Próxima aula é na terça-feira.

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