sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Benvenuti a Milano



"Prossima fermata - Milano Cadorna".

Imagina só. Você visitando um país pela primeira vez, o aeroporto também é estação de trem, e a cidade está bem distante. O preço do táxi é uma loucura, mais a taxa das malas, e você tem quatro. O jeito é ir de trem. Mas para onde ir? Para casa, é claro. Mas onde fica "casa"? Onde está Milão? Cadê o nosso hotel?

Meu pai desenterrou das profundezas seu italiano e conseguiu tickets para Milano Cadorna. Ninguém sabia o que significava "Cadorna", mas se tinha "Milano", então só podia ser coisa boa.

Embarcamos no trem, eu, meu pai e irmão. Guardamos as malas e esperamos pelos próximos passageiros. Ninguém apareceu. Ok, tudo bem. Melhor assim, né? Só nós três no trem inteiro, podíamos até dançar o Kuduro sem incomodar ninguém, seria muito divertido.

Duomo
Prossima fermata: Milano Cadorna.

Mas nós já estávamos meio incomodados. Milão não se mostrava tão bela assim. Tudo seco e muito frio. O ponto mais frio da viagem até o momento, e nenhum sinal da cidade, mesmo após meia hora de viagem. Os trilhos e estações estão pichados, e você começa a se indagar se desembarcou na cidade certa. "Isso aqui devia ser a Itália. A ITÁLIA". Começa a nevar. Todos se preocupando com a falta de agasalhos e quantidade de malas grandes e pesadas, sem contar as mochilas. Para onde estávamos indo?

Prossima fermata: Milano Cadorna.
Tudo bem, senhora, eu já entendi nas primeiras vezes. Esse é o nosso único destino. Pare de repetir, sua voz é irritante. Ou melhor, fale para o condutor ir mais rápido. Eu ainda não tomei café hoje, e já são meio-dia.

Chegamos. Chegamos? Chegamos no nada. Descemos elevadores, escadas rolantes, achamos a estação de metrô. Depois de muito esforço, descobrimos onde ficava o hotel. E andamos de metrô pela cidade inteira com nossas malas, sem dar nenhuma pinta de turista, é claro. E as malas rolavam de um lado pro outro, atingindo cidadãos aleatórios, foi uma loucura...


Milão. A capital da moda, dos negócios italianos. Sim, sim, é realmente tudo isso. Menos uma cidade turística. Não me entendam mal, a parte turística é um plus, mas eu não aconselharia passar mais de 3 dias sem compromisso por lá. Ela é feita para italianos. Ou melhor, para os milaneses. Só eles conseguem andar pelas ruelas, achando assim os melhores restaurantes sem se perder no meio da tarefa. 

Mas, como eu disse, afinal, é Itália. A comida, os italianos (hmmm...), a língua, tudo isso está lá. A pizza tamanho individual, o horror quando se pede um sabor doce (dividir em dois sabores, então), a massa, a massa, a pasta, doce, macarrão... ai. E a língua. O italiano, se não for a língua mais bonita do mundo, está bem perto disso. Cada palavra, uma trufa. E de repente você se vê dando "buongiorno" com mais vontade que o habitual. 

Os parques, jardins, esses sim, mostram o melhor lado da cidade, o lado que você só pode desfrutar... andando. Nem pense em usar outro meio de locomoção, você vai perder tudo. COF COF que já não é muito COF COF.

Pizza tamanho individual, cada um come a sua.
Não sabia até chegar lá que a Itália também tem seu Arco do Triunfo, se não me engano é chamado de Arco da Paz. Por um momento, pensei que tinha andado tanto que havia chegado na França. Existe também o Duomo, a praça central, com uma das catedrais mais espetaculares que já vi. Daquelas que você coloca a mão na pedra gelada e sente as vibrações de um passado muito, muito antigo. Ok,  quase. E o Castelo Sforzesco, cheio de exposições - e que dá acesso a uma área verde em que você pode parar simplesmente para ficar admirando a vista, que realmente é de tirar o fôlego. É como estar em um "daqueles filmes", que você nunca sabe qual é, mas sempre quis estar lá. 


Milão foi bem tranquila, na verdade. Andávamos um pouco, comíamos muito, Carlinhos comprou uma mesa de ping-pong, eu protestei, tudo na maior calma, bem relaxante. Gostaria muito de visitar outras cidades italianas das próximas vezes. 

"Prossima fermata" seria Suíça, e para essa essa meu irmão mal podia esperar. Então dissemos "arrivederci" a Milão, e embarcamos no próximo trem. E que viesse o FRIO de verdade.



Nenhum comentário: