sábado, 26 de março de 2011

Poema ao fogo


Eu lembro do tempo em que brincava com o fogo
Travessa, marota
Sem nunca me queimar.

Tive sempre muita sorte
Pois o fogo era meu amigo
Não representava perigo
Não queria me machucar.

Mas veio você com a sua tocha
Incediando a minha cabana
E eu tentei
Mas não consegui evitar.

O fogo agiu contra a sua vontade
Quem era ele em comparação?
Simples objeto da natureza
Em comparação à sua maldade, homem.
Maldade inconsciente.

Sei que não fizeste de propósito a princípio
Pensava que o lugar era oco, deserto
Que ninguém vivia por perto
Mas estava errado.
Minha alma jazia ali.

Eu gritei, você ouviu
Mas resolveu ignorar.
Culpou um bicho da floresta
Por somente se assustar.

E o meu grito
Só aumentou a confusão
Colocou mais lenha na fogueira.
Ardeu odiosamente meu coração.

Fogo de raiva.

E eu queimei nas suas chamas.
Somente cinzas - as minhas cinzas - sobraram
E os ventos então levaram.

Ninguém escuta, ninguém comenta, ninguém vê.
É assim a lei da floresta.
O fogo - quem diria? - causou a minha miséria
Mas o culpado é você.



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