sábado, 26 de março de 2011

A onda

Nós estávamos em Fernando de Noronha.
Tínhamos acabado de chegar, e resolvemos visitar a Praia do Cachorro.

Era final da tarde, e as ondas estavam bastante agitadas.
Eu, no auge dos meus 9 anos, estava me achando o máximo pegando jacaré.

Esperava a onda chegar, me jogava, e corria pro abraço.

Mas então, todos haviam sumido.
Cadê o pessoal?
Vi meu pai e irmão nadando rapidamente para um canto escondido, e eu achei que algo muito divertido estava acontecendo por lá. Nadei feliz pra lá também.

Ouvi gritos do meu irmão, que estava com as mãos abanando.
"Oba, ele deve estar me chamando...".

Quando eu percebi.
A onda.
A maior onda que eu já tinha visto.
Na minha frente.
Não dava pra fugir.

Percebi que os gritos eram para eu me afastar para a praia, e as mãos eram... bem, pra enfatizar isso.

Tarde demais.
A onda me engoliu, e eu fui rebolando nela - de cabeça pra paixo, virada do avesso - até chegar na parte mais rasa, onde me ralei toda na areia. Areia dói, sabia?

Levantei com a maior dignidade que consegui juntar, completamente bêbada, e caí novamente na água.

Quando levantei de verdade, uma parte de mim gostou tanto da experiência que resolveu ficar pela água - a parte de baixo do meu biquíni apareceu boiando contente...

Senti muita vergonha - afinal uma menina de 9 anos tem muito para mostrar.

Procurei pessoas pela praia. Achei dois americanos. Eles estavam conversando, alheios à situação.

Parece que eu não chamei tanto a atenção assim. Deve ser porque eu estava na sombra, é.


Quem nunca saiu correndo de uma onda não sabe o que é ser perseguido.

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