segunda-feira, 21 de março de 2011

Meu amigo primata e Eu

Foi no Zoológico de Lisboa. O ano? 2009.

Foi maravilhoso conhecer a "terrinha". Sei que já a tinha visitado antes, mas eu era nova demais para apreciá-la. Quero mandar um abraço para todos os leitores do blog que moram em... Portugal.

***

O dia estava fantástico. Pelo menos para mim, amante dos animais. Cada passo da corça, cada bocejo do urso, cada voo do pássaro... "Incrível" - era tudo que eu conseguia dizer, de olhos vidrados e máquina fotográfica nas mãos.

O dia estava terrível para Carlinhos. O ser que não gostava de animais - e agora estava em um lugar repleto deles. Ele mal podia esperar para ir embora.

Mas havia, sim, um animal que despertava interesse em Carlinhos.
O rei da selva, símbolo do símbolo do zodíaco dele - o majestoso leão.

"Comédia, comédia", eu repetia. "Tenta gostar ao menos de um animal exótico, tipo uma Alpaca".

Mas o leão foi uma grande decepção para Carlinhos, assim como para todos nós. O grande, majestoso, belo e exuberante leão estava... roncando. "Zzzzzzz...". Lá estava dele, dormindo no alto do seu pedestal.

Pelo menos ele estava virado pro lado da câmera, e eu me certifiquei em tirar fotos do bicho preguiçoso.

"Esse é o seu herói, hein, maninho?".

Tudo estava relativamente normal... até entrarmos na área dos macacos.

Sempre os achei fascinantes - são tão parecidos com a gente... mas tão diferentes.

Eu queria ver o macaco-mór. Eu queria ver o grande macaco. Eu queria ver o leão dos macacos.

Eu estava animada para ver o gorila.

Passamos por milhões de macaquinhos engraçadinhos: uns que enrolam o rabo no seu dedo, outros que roubam panfletos da sua mão... nada fantástico.

Eu queria emoção. Eu queria sentimento. Eu queria um macaco que fosse... quase humano.

Até que eu vi uma janela de vidro. Uma janela de vidro comum para janelas de vidro.

Resolvi me aproximar.

Da janela, vi que ela era a vista de uma grande sala... de gorilas.

Lá embaixo, no chão, deitadas na serragem, podia ver algumas fêmeas, que agiam como se estivessem tricotando com as amigas. Parecia um remake de Tarzan.

Eu estava estupefata. Aquilo era incrível.
Eles eram tão grandes, tão grandes mesmo...

Mal percebi que estava com a cara colada no vidro.

Mas então, pude avistar, no segundo andar da sala - mais perto do vidro -, que tinha acesso por uma escada, O gorila.

O macho, o macho dominante. Me encarando.

Mas tudo bem, ele estava longe.

Até que ele se pendurou em duas cordas na frente do vidro, pegou impulso e saltou. Ele estava pendurado, e em qualquer deslize poderia desabar na serragem lá no chão, com a gorilas fofoqueiras.

Sabia que isso não ia acontecer, mas mesmo assim me preocupei com ele.

Neste momento, pude perceber que estávamos cara a cara.

O vidro nos separava - humana e macaco.

De perto, ele parecia maior ainda, e eu senti meu corpo encolher com aquela invasão de território - aquele era o meu espaço. A proximidade me assustava, mas era hipnotizante.

O gorila me encarava incessantemente com seus olhos negros e pálpebras caídas, e eu não sabia se isso era bom ou não. Se ele estava curioso... ou bravo.

Coloquei minhas mãos no vidro, e comparei os tamanhos. A dela era de tamanho descomunal em relação a minha, eu que sempre tive mãos pequenas.

Acho que tirei uma foto, ou meu pai tirou, não sei. Mas nada me preparou pro momento em que Carlinhos, levemente irritado, disse:

-Vamos logo.

Ele estava caminhando em diante com seu Moura, nosso tio português. Carlinhos decidira que queria olhar os répteis.

Mas eu não queria deixar o meu amigo gorila.
Ele ia ficar sozinho de novo com aquelas chatas.
Além disso, eu nem imaginava como ele ia descer das cordas.

-Espera aí! - disse, tirando pela primeira vez os olhos do macaco.

Eu não lembro da ordem do que aconteceu depois, mas foi algo mais ou menos assim:

Nós nos desconcentramos, Carlinhos continuava andando, o gorila ficou chateado... e desceu.

Ele se balançou para aquele pequeno "segundo andar", e desceu pelas escadas.

Estava quase indo embora, quando vi o meu novo amiguinho pegar um pano no chão e colocá-lo na cabeça, andando de quatro patas para a outra jaula.


Ele era um macaco de novo.


***
Notas: Descobri hoje, dia 21 de março de 2011 - aniversário de três anos do blog - a história de vida deste gorila, com algumas pesquisas na internet.

Veja aqui o que eu descobri sobre Nasibu, meu amiguinho primata:

"Desde 11 de Dezembro de 2008 que a "família" de gorilas do Jardim Zoológico de Lisboa tem mais um elemento. Nasibu, jovem Gorila-ocidental-das-terras-baixas, veio da Suécia ao abrigo do Programa Europeu de Reprodução da espécie que visa contrariar a extinção destes primatas. A iniciativa insere-se no Ano Internacional do Gorila, proclamado pelas Nações Unidas.



Nasibu, hoje com 12 anos, não teve um início de vida fácil. Este gorila ficou órfão com apenas sete dias de idade e sobreviveu devido aos cuidados de técnicos especializados na Alemanha. Mais tarde, foi enviado para a Suécia, onde se juntou a um grupo da sua espécie.

Em Dezembro chegou ao Zoo de Lisboa, para fazer companhia a três gorilas fêmeas: Bak (24 anos), que foi recolhida de um circo espanhol, Ulca (27 anos), que veio do Zoo de Colónia, e Anguka (14 anos), do Zoo de Sidney.


A sua chegada esconde um processo de seis meses. Segundo explicou José Dias Ferreira, director de Serviços Zoológicos, o Jardim Zoológico de Lisboa contatou o programa europeu de reprodução desta espécie quando morreu o macho gorila Cucu, aos 37 anos, pedindo um macho para as suas três fêmeas.

A adaptação tem sido feita por fases, através de contato visual, exploração do espaço e integração no grupo.

Mas a chegada de Nasibu não pretende apenas satisfazer curiosidades. O objetivo maior da sua vinda é a “reprodução destes grandes primatas” e manter “a estabilidade do grupo dos gorilas enquanto macho-dominante”, explicou José Dias Ferreira. Nasibu tem “um papel importantíssimo”, salientou.


As Nações Unidas declararam, a 12 de Dezembro do ano passado em Roma, 2009 como o Ano Internacional do Gorila para chamar a atenção da comunidade internacional para uma ameaça de extinção real. Segundo dados da União Mundial para a Conservação (UICN) existem apenas 200 mil gorilas, ameaçados por uma série de factores como a caça para alimentação humana (bushmeat), comércio de animais vivos, especialmente crias, conflitos armados, destruição do seu habitat e doenças como o vírus Ébola e outras transmitidas pelo Homem.


O Jardim Zoológico de Lisboa, que comemora em 2009 os seus 125 anos, junta-se à iniciativa do Ano Internacional do Gorila com a sensibilização das pessoas e com apoio financeiro ao Cameroon Wildlife Aid Fund (CWAF). Este fundo para a preservação dos grandes primatas no seu habitat natural já conseguiu criar o Mefou National Park (nos Camarões), uma área protegida de 1044 hectares de floresta. Na reserva, gerida pelo CWAF e pelas autoridades governamentais dos Camarões, vivem gorilas, chimpanzés e bonobos."

Fonte: http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1357102

Espero que Nasibu tenha milhões de filhinhos hoje, para ajudar a repovoar o planeta (?).

O que você achou das história?
Por que será que essas coisas só acontecem comigo?

Hoje é aniversário do blog, não se esqueçam de passar nos comentários e desejar os nossos parabéns, hehe.

"Completando hoje três anos".

Um comentário:

Gabi disse...

Oie, tava um pouco sumida mas to aqui de novo ;D
Parabéns atrasado para o blog!
ÊÊÊÊÊÊ!!!